O vereador João Negão (sem partido) protocolou na manhã de ontem uma queixa crime na Delegacia Municipal por racismo, difamação e calúnia praticado por um ouvinte de uma emissora de rádio, Geni Martinazzo. De acordo com João Negão, Martinazzo teria participado ao vivo num programa desta emissora no dia 29 de setembro pela manhã, para tecer críticas “discriminatórias” contra o vereador.
Na denúncia que foi entregue ao delegado municipal Luiz Fernando Ramos Arantes, ele relata que Martinazzo criticou a decisão do vereador quanto a um posicionamento político que o vereador teve no plenário da Câmara, durante uma seção ordinária. Segundo João Negão, o ouvinte mostrou-se empolgado por paixões partidárias, e pelo visível conceito negativo perante a raça negra, chegando a proferir palavras de baixo calão em meio a frases racistas e discriminatórias como “negro sem vergonha, safado” “agora mostrou quem você é e não votou para cassar o prefeito Júlio César”. Toda a fala do acusado foi gravada pelo vereador que apresentou o material na delegacia.
“Acho que na frase ficou explícita que houve a prática do racismo e agora esperamos que a polícia tome todas as providências com relação a isso, para que não possa pessoas a hora que queira estar ligando em meio de comunicação agredir pessoa física”, disse o vereador, considerando ainda que há uma certa tendência política por alguns meios de comunicação. “Com certeza, se um jornalismo for feito com seriedade, imparcialidade sem instigar a população, este senhor (Martinazzo) não teria este tipo de atitude, com certeza ele vai ser processado porque temos provas testemunhais e fitas cassete”, complementou.
Esta é a terceira ação que o vereador João Negão move contra pessoas que, segundo ele, praticaram atos de racismo. Em 1997 ele entrou com um processo contra o então secretário de esportes, José Bernardino Filho, mas retirou a ação no mesmo ano. Outro que ainda está em andamento é contra o ex-presidente da Liga Esportiva Tangaraense, Nelson Motta, quem em 2003 agrediu o vereador publicamente em uma emissora de TV. “Estamos fazendo aquilo que a Lei nos ampara e desta forma estamos tentando combater a discriminação do pobre, do negro, que chega ao poder em qualquer cargo e acaba incomodando algumas pessoas com interesses comuns e índices de prática de racismo, e queremos que isto pare”, desabafou.
De acordo com o delegado municipal Luis Fernando, será aberto um inquérito para apurar as denúncias contra o ouvinte, que é acusado de racismo. Porém, destacou que todas as testemunhas, o locutor da emissora de rádio e o acusado serão convocados para serem ouvidos durante o processo.