O ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, se entregou, no início da madrugada deste sábado, à Polícia Federal. Ele chegou à sede da Superintendência da PF por volta de 0h20, depois de ter o pedido de prisão preventiva aceito pela juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal de São Paulo. Abatido, Maluf se recusou a dar entrevistas.
Além do pedido de prisão, a juíza aceitou todas as denúncias do Ministério Público contra o ex-prefeito, seu filho, Flávio Maluf, o doleiro Vivaldo Alves e o ex-diretor da construtora Mendes Júnior Simeão Damasceno de Oliveira. Os quatro passam a ser réus de crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A soma das penas mínimas é de 8 anos de prisão. Flávio também teve a prisão preventiva decretada. A expectativa é que ele também se entregue à PF ainda nesta madrugada.
Para o Ministério Público Federal, as escutas telefônicas revelam que o ex-prefeito e o filho tentaram impedir o depoimento do doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi.
O doleiro, apontado como operador do dinheiro dos Maluf no exterior, disse ter movimentado pelo menos US$ 161 milhões por meio da conta Chanani, do Safra National Bank de Nova York (EUA). Ele afirmou que todo o dinheiro era de Maluf e de seu filho.
Segundo Oliveira, o dinheiro que abasteceu contas dos Maluf no exterior foi desviado de obras públicas durante a gestão dele na Prefeitura de São Paulo (1993-1996).
Oliveira e Birigüi também foram denunciados ontem pela Procuradoria: o primeiro por ser o operador do dinheiro no exterior e o segundo por ser responsável pela divisão da propina.
Para o doleiro, a Procuradoria pediu a delação premiada (redução da pena), porque ele ajudou a investigação (forneceu nomes, números e valores de contas). As informações de Birigüi foram confirmadas, com precisão de centavos, pelo banco Safra.
Apesar de a Polícia Federal ter solicitado também a prisão do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (1997-2000), a Procuradoria entendeu que o caso deve ser investigado em outro inquérito que já está em andamento.
Grampos
Pelas conversas gravadas que embasam o pedido de prisão dos Maluf, Flávio telefonou ao menos três vezes para o doleiro, a quem convidou para uma conversa.
Num dos diálogos, Flávio, após referir-se a Birigüi como “amigo”, pediu que não se esquecesse da conversa que tiveram. “Garanto o que conversamos, e a forma, entendeu? É o melhor para você. Te garanto. Te garanto. Você entendeu? Confia em mim.”
Num outro diálogo, desta vez com seu pai, Flávio disse qual era a orientação ao doleiro. “Entra mudo e sai calado”.
O suposto suborno teria sido feito por um dos advogados de Maluf durante reunião marcada a pedido de Flávio com o doleiro.
A assessoria de imprensa de Maluf considerou normal a decisão da juíza e disse que as partes vão tentar comprovar à Justiça quem é inocente ou culpado.