O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), anunciou ontem medidas para acelerar os trabalhos de investigação –que estão entrando no segundo mês. Segundo ele, a CPI deve apresentar em dez dias o primeiro relatório pedindo a cassação de parlamentares ao Conselho de Ética da Câmara. Esse relatório pode atingir 18 parlamentares citados até agora no inquérito –direta ou indiretamente.
Para agilizar os trabalhos da CPI, Amaral disse que a CPI dos Correios passará a produzir relatórios parciais, o que deve dinamizar a conclusão das investigações. A idéia é que esses relatórios parciais sejam produzidos a cada 15 dias. No final, a CPI deverá divulgar um relatório definitivo sobre a investigação.
Nesses dez dias, a comissão deverá tabular dados sobre os parlamentares envolvidos nas denúncias sobre a corrupção nos Correios e com pagamento do “mensalão” –supostamente operado pelo publicitário Marcos Valério.
Para o relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), já há elementos para solicitar à Câmara a cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Ele disse estar convencido que Jefferson operava um esquema de corrupção nos Correios.
Nos casos em que houver comprovação definitiva do envolvimento do parlamentar com o “mensalão”, a CPI deve enviar os documentos diretamente à Comissão de Ética da Câmara para a abertura de processos.
Serraglio disse que se investigações não encontrarem “provas completas”, o material será remetido à CPI do Mensalão –que investiga as denúncias de pagamento de mesada por parte do PT para parlamentares da base aliada, como PP e PL.
Amaral disse que os dados dos relatórios parciais serão remetidas ao Ministério Público e à Polícia Federal, para que as investigações tenham andamento e não precisem esperar pelas conclusões do relatório final de Serraglio.
Amaral disse esperar que as investigações sobre o esquema de corrupção na estatal sejam concluídas até em novembro. “O Brasil não pode viver só de CPI. O país tem outras agendas”, completou o senador.
A CPI dos Correios foi criada para investigar um suposto esquema de propinas na estatal. O caso foi detonado pelo ex-chefe de departamento da estatal, que foi flagrado em um vídeo recebendo dinheiro e envolvendo Jefferson.
Mais medidas
Para agilizar o processo disciplinar contra os parlamentares, os membros da CPI vão solicitar aos presidentes dos partidos que subscrevam a lista de pedidos de cassação.
Além disso, a CPI decidiu descentralizar a investigação e dividir os trabalhos em diversas frentes: análise de contratos, movimentação financeira, depoimentos e controle do fluxo e da distribuição interna dos documentos secretos.
Essas frentes ficarão sob a responsabilidade de quatro sub-relatores: os deputados José Eduardo Cardozo (PT-SP), Gustavo Fruet (PSDB-PR), Carlos Abicalil (PT-MT), e Carlos Sampaio (PSDB-SP).