O presidente Lula optou por preservar um desgastado Luiz Gushiken no governo mas não poupou um de seus principais interlocutores de uma certa perda de poder. Com a nova reforma ministerial, a Secom (Secretaria de Comunicação de Governo) deixa de ter status de ministério e passará a ser subordinada à Casa Civil, hoje liderada por Dilma Roussef. Com isso, Gushiken será agora secretário.
A saída do governo era um ‘fato” já admitido pelo próprio Gushiken, que chegou a comentar sua possível retirada com os assessores mais próximos. Desde a semana passada, pelo menos, o ministro já teria entregue seu cargo para o presidente Lula.
Gushiken chegou a admitir ao presidente que estava sob “bombardeio”, devido a reportagens a respeito de uma empresa da qual foi sócio (Globalprev, que assistiu a um salto no faturamento desde que o ex-associado migrou para Brasília), do aumento da publicidade da revista de um cunhado e de sua influência em fundos de pensão.
Núcleo duro
Ao lado do ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, Gushiken é um poderoso auxiliar de Lula desde a campanha de 2002.
Nas discussões do governo, quase sempre se alinhou a Palocci –os dois foram trotsquistas e radicais do PT nos primórdios do partido, enquanto mantinha choques nos bastidores com Dirceu.
No início do governo Lula, os três (Gushiken, Dirceu e Palocci) integravam o chamado “núcleo duro” do governo, ouvido por Lula para a tomada de decisões.
Amigo do presidente, Gushiken é um dos poucos auxiliares que têm conversas francas com Lula, nas quais deixa claro eventuais discordâncias.