Deu o que o governador Blairo Maggi gostaria: Vilceu Marchetti vai ser o secretário de Infra-Estrutura, assumindo a vaga de Luís Antônio Pagot, que, por sua vez, assume a Casa Civil, com a missão de fazer a articulação política do Governo. Pagot entra no lugar do deputado Joaquim Sucena, do PFL, que retorna a Assembléia Legislativa. O “aceito” do Partido da Frente Liberal foi dada pelo presidente do Diretório Regional, ex-governador Jaime Campos. E sem maiores objeções. “O PFL apoia o Governo” – disse Campos, num tom muito próximo do desânimo com os acontecimentos.
Pela lógica, o PFL fica contemplado no Governo, trocando a Casa Civil pela Secretaria de Infra-Estrutura. Mas o partido deve ir em busca de mais. Até porque a escolha de Marchetti para o cargo contempla apenas a ala administrada politicamente pelo senador Jonas Pinheiro. Falta ainda a ala do próprio Jaime Campos. No caso, a escolha de algum deputado para compor a “staff” de Maggi para continuar com uma vaga aberta ao suplente Gilmar Fabris. A preferência recaí sobre Zeca D´Ávila, ex-presidente da Famato, que poderia assumir a Secretaria de Desenvolvimento Rural, em lugar de Otaviano Pivetta.
“Não discutimos outras secretarias” – disse o presidente do PFL, à saída do gabinete do governador. Campos fez questão de frisar que o PFL apenas referendou a escolha de Maggi – fato que mereceu mais um destaque, já que a indicação de Joaquim Sucena para a Casa Civil, na época, sequer passou pelo partido. “Ninguém foi consultado nas outras vezes” – lembrou Jaime Campos. Tal situação ajuda a explicar o fato de o próprio Sucena ter sido alvo de intensas críticas dentro do partido durante sua gestão como articulador do Governo, ajudando a abreviar sua permanência no cargo.
O político liberal segue dando aula. No público externo, fez questão de afirmar que o PFL não briga por cargos. “Ninguém aqui é apegado a emprego no Governo” – frisou. O objetivo, ele diz, é contribuir para o desenvolvimento do Estado. E aproveita para tirar casca do ponto fraco do Governo, a área social. Numa tacada mais dura, põe em xeque a segurança pública. “Ninguém está agüentando tanta violência” – diz, do alto da experiência como ex-governador.
Campos é taxativo sobre a posição do PFL em relação ao Governo: apóia. No jogo político, sabe que o momento não é de movimentos bruscos. Aceitar a indicação de Marchetti sem maiores questionamentos é o indicativo maior de que o partido vai tentar “emplacar” o secretário de Desebvolvimento Rural. Até porque a Infra-Estrutura, cujo cargo foi entregue a Marchetti, que é do PFL, já foi devidamente “queinada” internamente. Em decisão milimetricamente tornada pública, a sigla decidiu recusar a fazer a indicação de nomes por considerar que o Orçamento da pasta está comprometida e há um elevado nível de endividamento, o que faria o partido apenas administrar o que já está feito.
Jaime acha que o PFL merece mais. Ele não admite a tese do “fiel da balança”. Numa conversa antes de entrar no gabinete do governador para tratar da questão da participação do partido no Governo, ele deixou claro que está trabalhando muito forte visando as eleições de 2006. São diversas reuniões a cada final de semana, filiações políticas e busca de novos aliados no interior. Tanto desempenho tem uma explicação: o partido não sabe que caminho vai seguir. “Está bom para nós” – diz, ao admitir que todas as teses são possíveis: de candidatura própria a aliança com outros segmentos políticos não aliados atualmente ao Governo.