O deputado Roberto Jefferson (RJ), presidente do PTB, afirmou nesta terça-feira que a origem do dinheiro usado para o “mensalão” e a verba dada pelo PT ao PTB como auxilio nas eleições do ano passado vieram de empresas privadas com ligações com empresas estatais.
“Eu penso [que a origem do dinheiro] é desta relação de empresas privadas com o governo. Todo mundo sabe disto. Nas campanhas eleitorais, todos os partidos recebem dinheiro destas empresas. Não há um partido que faça diferente disto. Eu não aluguei o partido. Sei de onde vem o dinheiro e todo mundo sabe”, afirmou ao ser indagado sobre a origem do dinheiro.
Reuters
Jefferson, em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara
Jefferson confirmou também que os R$ 4 milhões que o PT deu para o PTB como apoio financeiro nas eleições do ano passado não foram contabilizados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). “Este dinheiro não foi contabilizado nas contas partidárias e nem prestamos conta à Justiça Eleitoral”, declarou.
A legislação eleitoral determina que após cada pleito os partidos prestem contas do quanto arrecadou e do quanto gastou na eleição. Jefferson se recusou mais uma vez a dar os nomes das pessoas do PTB que receberam os recursos dados pelo PT. “Eu vou dizer os nomes quando o PT esclarecer as origens dos recursos. Aí eu abro quem recebeu.”
Em resposta ao questionado do relator do seu caso no Conselho de Ética, deputado Jairo Carneiro (PFL-BA), o presidente do PTB reafirmou que não podia citar todos os deputados que receberam o “mensalão”. “O nome dos parlamentares não sei. Sei o nome de presidentes e de dirigentes de partidos que receberam. Não ouvi falar de deputados do PT ou do PPS envolvidos com ‘mensalão’. Excluo o PV também”, acrescentou.
Indagado sobre a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às denúncias do esquema do “mensalão”, Jefferson confirmou que foi Lula teve um “choque”. “Foi um homem ferido de morte’.
Jefferson afirmou ainda que acredita que o presidente Lula aceitou suas declarações como verdadeiras, já que depois de ter levado o assunto ao presidente, o pagamento do “mensalão” foi suspenso.
“Ele [presidente Lula] chorou, fui embora. Não me disse se acreditou ou não. Não sei se tomou como verdade. Mas depois que consegui romper a barreira e contar ao presidente, o pagamento parou.”