O PPS decidiu mesmo “roer” a corda. Os apelos para que o partido evitasse uma candidatura própria a presidente – o que faria com que a sigla ficasse liberada para coligações em Mato Grosso – foram todos em vão, como já era esperado. Resultado: o governador Blairo Maggi candidato a reeleição sai do PPS. A decisão foi tomada ainda na noite de quinta-feira em reunião de Blairo com aliados. Agora, o governador e seu grupo voltam a procurar um partido político – de preferência estruturado – que comporte o projeto da reeleição.
De ante-mão, duas siglas estão descartadas: o PDT e o PV. Ambas vinham sendo “abastecidas” com lideranças empresariais do ramo do agronegócio e também políticas aliadas de Maggi. Manobra desastrada, típica de quem não tem a menor visão política. O trabalho vinha sendo capitaneado pelos secretários Otaviano Pivetta, de Desenvolvimento Rural, e Luís Antônio Pagot, de Infra-Estrutura. Pagot é tesoureiro do PPS. O PDT deve se aliar ao PPS no projeto da candidatura a presidente e o PV ainda não tem rumo definido, mas é pequeno demais para o projeto.
“Não adianta transformar o PV em partido grande. O partido tem seu símbolo e não cabe gente do agronegócio. É alimentar sucuri para ser devorado depois” – frisou um influente político próximo de Maggi. Quanto ao PDT, o partido é aliado de primeira hora do PPS e deve também lançar o ex-ministro do STF, Maurício Corrêa, a presidente.
Esta semana, o governador Blairo Maggi delineou sua saída do PPS ao anunciar dois dias consecutivos em participação em programas de entrevistas que gostaria mesmo de apoiar o presidente Lula a presidente – em que pese as restrições aos ministros, aos quais recaem as críticas do Governo Maggi ao presidente. O governador esperava, no entanto, que o PPS fosse servir para o projeto. Pura ingenuidade! Na oposição ao presidente da República, os socialistas capitaneados por Roberto Freire jamais iriam deixar a sigla exposta à propaganda de Lula.
Aliás, a própria permanência de Maggi e seu grupo no PPS foi uma demonstração de inabilidade política. A permanência do grupo no partido, na época, foi lançada por Percival Muniz, amigo pessoal do governador; Pagot e Pivetta. Blairo tinha como certo seu ingresso no PMDB e já articulava inclusive com o ex-senador e agora desgastado ex-presidente do INSS, Carlos Bezerra, para assumir posições de comando no partido. Mas acabou convencido a ficar. Com o PPS rumo a candidatura própria – ou aliada ao PDT de Maurício Corrêa – e contando com o advento da verticalização, que inibe alianças estaduais, o caminho é a porta de saída. Ou melhor: de retomar a busca por uma sigla.
Com a idéia fixa de que vai apoiar Lula a reeleição, Maggi deverá entrar em um partido aliado para conseguir atrair o próprio PT de Mato Grosso ao seu projeto de reeleição – o que consiste em levar a sigla a implosão da pré-candidatura da senadora Serys. O PSB é visto como a melhor alternativa. Inclusive porque para lá está indo também o ministro Ciro Gomes, com quem Maggi mantém estreitos vínculos políticos. Contudo, o próprio Maggi prefere o PMDB, partido pela qual militou na época em que era estudante. Embora no PMDB não haja segurança de que o partido seguirá com Lula – condição básica para se mexer a peça do tabuleiro da sucessão. “Essa questão deve ser definida em 30 dias nop máximo” – sinalizou um auxiliar do governador, ontem à noite. Com a história na mão, é provável que agora o governador acerte o caminho.