A CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito que foi formada pela Câmara de Sorriso para investigar denúncias de irregularidades da Adecobe (Associação de Desenvolvimento da Comunidade Boa Esperança), não conseguiu chegar a um consenso ontem, quando foram apresentados dois relatórios divergindo das conclusões das investigações: um pelo relator, Chagas Abrantes e outro pelo presidente, Wanderley Paulo
O vereador suplente Adevanir Pereira da Silva, membro da comissão, teve a titularidade de seu mandato encerrada no dia 29 e ontem, não tinha direito a voto, mas acabou participando da sessão. O vereador Chagas Abrantes apresentou o relatório, onde considerou que a denúncia referente ao lançamento em nota fiscal de produtos que não seriam utilizados pela associação, foi devidamente explicada, sendo que a nota até chegou a ser retificada na Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda). O outro acusador, o dono de uma terraplenagem, nem chegou a prestar depoimento. “O trabalho da CPI é investigar, apurar o fato certo e não fazer uma devassa, incriminar as pessoas. Quem faz essa parte é o Ministério Público”, disse Chagas ao Só Notícias.
“Irritado, o vereador Chagas e vereadora Marilda saíram por diversas vezes da sala. Foram até advertidos pelo assessor jurídico e eu continuei lendo o meu relatório. No final, os dois (Chagas e Marilda) acabaram indo embora antes de terminar a leitura e antes que colocasse o relatório deles em votação. Então pela ausência deles, que não respeitaram a sessão, coloquei o meu relatório em votação que foi aprovado com meu voto”, disse Wanderley.
Segundo Wanderley, seu parecer foi baseado nos documentos apresentados e as explicações, através dos depoimentos ouvidos, não o convenceram. “Me norteei pela lei 8.666 que normatiza as ações da administração e os convênios. Considero que houve má aplicação dos recursos públicos, uso de notas indevidas, cobranças por serviços não realizados, entre outras irregularidades que estão documentadas. É o relatório que aprovei que será encaminhado ao plenário e se o relator não concordar, ele que tome as providências legais”, disse.
Chagas, por sua vez, disse que, como relator, colocou seu relatório em votação e foi aprovado por ele e pela vereadora Marilda. “O presidente não tem direito a voto. Isso é um absurdo. O que poderia ter feito eram emendas, mas não um relatório de 200 páginas. Quando ele terminou de ler nós voltamos à sala e votamos o meu relatório, aprovado por dois votos e este é que deve ir para a sessão”, afirmou.