O ex-coordenador do núcleo de informação da campanha à reeleição do candidato Luiz Inácio Lula da Silva Jorge Lorenzetti negou hoje (21) ter autorizado “pagamento financeiro” à família Vedoin, proprietária da empresa Planam, pela prestação de informações sobre fraude na compra de ambulâncias para prefeituras. Em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMF) dos Sanguessugas, Lorenzetti disse prometeu aos Vedoin apoio jurídico, em vez de dinheiro.
Segundo Lorenzetti, o núcleo de informação da campanha jamais tratou desse assunto como um dossiê, mas sempre como informação.
Ele afirmou que o acordo com os Vedoin previa o repasse dessas informações à Justiça Federal e de uma cópia para o comitê de campanha, que seria repassada à revista Isto É, para que o assunto fosse esclarecido à sociedade. Outra cópia seria disponibilizada para a CPMI dos Sanguessugas.
De acordo com Lorenzetti, os documentos de posse da família Vedoin mostram que 75% dos convênios firmados com a Planam foram assinados durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Lorenzetti considerou “precipitado” o inquérito da Polícia Federal, porque, segundo ele, devido a uma pressão eleitoral, a instituição teria tomado a atitude de atribuir toda essa questão à montagem de um dossiê. O núcleo de informação “tinha uma tarefa defensiva e de proteção à campanha”, esclareceu o ex-coordenador.
Ele afirmou que foi pessoal a decisão de assumir compromisso com os Vedoin, não havendo envolvimento de outros membros do comitê de campanha. “Por isso, no primeiro momento [quando foi descoberta a operação], pedi demissão do comitê e, assumi, na carta em que pedi exoneração, que extrapolei as minhas funções, ao prometer apoio jurídico”, disse ele. Além disso, Lorenzetti lembrou que pediu sua desfiliação do PT e exoneração do Banco do Estado de Santa Catarina, de onde estava afastado desde o início da campanha à reeleição.