Deputados estaduais aprovaram em segunda votação e com parecer favorável das Comissões Permanentes da Casa, o Projeto de Resolução que denomina “Edifício Governador Dante Martins de Oliveira”, a sede da Assembléia Legislativa. A nomenclatura é uma homenagem ao ex-governador de Mato Grosso, falecido em 06 de julho deste ano. A matéria, de autoria das lideranças partidárias, volta ao plenário na próxima semana para votação da redação final e depois será envida para sanção pelo governo do estado.
Ao comentar a homenagem, o deputado Carlos Brito registrou que entende que a homenagem não se reserva ao seu falecimento, mas ao denominar o prédio ao arquiteto Dante Martins de Oliveira a AL está fazendo um reconhecimento. “Dante faz falta no debate político, visto ser uma figura que emprestou contribuições à história de Mato Grosso. Não haverá de ser unanimidade, mas acho que esta casa ao aprovar esta faz uma homenagem justa e cabível”, avaliou.
Clóvis Roberto (PPS) disse ser justa a homenagem, ex-assessor de imprensa de Dante de 1991 a 2003, conviveu com ele e percorreu junto todo o estado de Mato Grosso. “Pode ser que tenha alguém que goste tanto desse estado, conheço e ame este estado, mas ninguém mais que Dante de Oliveira, amou esse estado”, disse Clóvis Roberto.
O deputado João Malheiros (PPS) foi vereador quando Dante era prefeito de Cuiabá, disse que “tivemos divergências, mas sempre em busca do melhor para Cuiabá, Dante é uma figura que extrapolou Mato Grosso quando buscou a redemocratização do país”, reconheceu.
“Quero fazer meu reconhecimento, fui vereador em 93 e 94 enquanto Dante era prefeito. Nada mais justo do que reconhecer uma das pessoas mais inteligentes e mais dedicadas à causa pública, ao meu ver, a maior figura com quem convivi”, disse Eliene Lima (PP).
O deputado Zé Carlos do Pátio (PMDB) disse que até hoje não acredita que ele faleceu. “Mesmo tendo participado do velório não acreditamos, falta um pedaço, com ele o processo político seria mais interessante e participativo. Não acreditamos que perdemos pessoa tão magnífica e é difícil para a classe política. A perda de Dante causa um estrago político em Mato Grosso porque sua figura fortalecia o processo político em Mato Grosso. A gente tem orgulho dele, fiz oposição, mas ele foi estadista, e fará falta”, reconheceu.
Para o primeiro secretário da AL, José Riva (PP) “era impossível se tornar inimigo de Dante: você podia chegar bravo, poderia sair muito bravo, mas nunca conseguia se tornar inimigo de Dante de Oliveira”, disse. Para ele, “sem a presença de Dante o processo político foi outro e o PSDB ficou órfão”. Ainda, segundo Riva, não há dúvidas que ele foi o patrono da democracia com as Diretas Já”. Para ele, as Diretas Já não foi apenas uma emenda, mas uma história que foi escrita no Brasil.
Os deputados J. Barreto (PL) e Joaquim Sucena (PFL) também engrossaram o coro no reconhecimento ao ex-governador Dante de Oliveira. Este último, fez ponderações em torno da nova denominação, uma vez que a sede da AL, quando no antigo prédio era Palácio Fellinto Muller. Para ele, ao transferir a Casa e mudar o nome da Assembléia Legislativa os deputados poderão estar cometendo um erro histórico. Para ele, é preciso analisar, embora Dante seja merecedor de todas as homenagens. “Em absoluto não discordo do mérito, mas deixo a preocupação com a história do Brasil”, explicou Sucena.
NOVA HOMENAGEM
Após a votação, o deputado José Riva (PP) informou ao plenário que está sendo feita uma segunda homenagem ao ex-governador. O trecho de rodovia entre os municípios de Juara e Porto dos Gaúchos também será denominado Dante Martins de Oliveira.
O EX-GOVERNADOR
Dante de Oliveira, como ficou conhecido nacionalmente, foi duas vezes governador de Mato Grosso, foi deputado estadual, deputado federal e prefeito de Cuiabá. Ele iniciou sua militância política no início dos anos 70, quando se mudou para o Rio de Janeiro para cursar a faculdade de Engenharia Civil, passando a integrar o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).
Formado engenheiro em 1976, retornou à Cuiabá, tendo se candidatado a vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro, não conseguindo se eleger. No ano seguinte, assumiu a Secretaria Geral do MDB mato-grossense, sendo eleito para o cargo de Deputado Estadual no ano de 1978.
Dante nasceu em Cuiabá no dia 6 de fevereiro de 1952, tendo a política como herança do pai, Sebastião de Oliveira, conhecido como Dr. Paraná, que foi deputado estadual eleito pela União Democrática Nacional.
Dante morreu no, inicio do mês de julho, aos 54 anos, no Hospital Jardim Cuiabá, em Cuiabá. Ele foi internado para tratar de uma pneumonia, mas sofreu um choque séptico e foi removido para a Unidade de Tratamento Intensivo. Não resistiu ao quadro de infecção generalizada.