A Polícia Federal vai investigar casas de câmbio e doleiros em São Paulo para tentar descobrir quem sacou e de qual corretora saíram os US$ 248 mil que seriam usados por petistas para comprar um dossiê contra políticos do PSDB.
Fontes da PF que participam das investigações negam que já tenham conhecimento destas informações.
A Polícia Federal trabalha com a hipótese de que o sacador tenha sido um “laranja”, geralmente uma pessoa de origem simples que aceita envolver seu nome em troca de uma pequena quantia em dinheiro. Este fato, no entanto, pode dificultar as investigações sobre os dólares.
A PF foi informada ontem pelo DHS (espécie de departamento de defesa interno do governo americano), de maneira extra-oficial, que o dinheiro foi transferido legalmente de uma instituição financeira em Miami para um banco instalado em São Paulo.
A PF já sabe também a agência que recebeu os dólares e que o banco não é de grande porte. De posse dessas informações, a PF avalia que será rápido identificar o titular da conta.
Valdebran Padilha e Gedimar Pereira Passos –empreiteiro filiado ao PT e ex-funcionário do comitê de campanha de Lula– foram detidos pela PF em São Paulo com R$ 1,7 milhão, no dia 15 deste mês, quando negociavam a venda de um dossiê elaborado pelo chefe da máfia das ambulâncias, Luiz Antonio Vedoin, contra o candidato ao governo de São Paulo José Serra.
Desse total, R$ 1,168 milhão estava em reais e o restante, em moeda americana. As notas de dólares eram seriadas e estavam envoltas em cintas da BEP (equivalente à Casa da Moeda dos EUA). A partir desse dado, a PF havia solicitado ao governo americano, na semana passada, que rastreasse o caminho percorrido pelo dinheiro.
Se por um lado a PF está prestes a descobrir a origem dos dólares, por outro, considera que não será uma tarefa fácil chegar às contas das quais os reais foram sacados. Essa informação só deverá ser confirmada após o primeiro turno das eleições.
A PF só tem pistas sobre a parcela em reais referente a R$ 25 mil. Desse montante, R$ 5.000 vêm de uma agência do Safra, outros R$ 5.000 da agência Lapa do BankBoston e outros R$ 15 mil do Bradesco na Barra Funda. Apesar de também terem cintas com identificações das agências, isso não significa que os saques tenham sido realizados nesses locais.
Se um cliente precisa fazer um saque de alto valor e sua agência não dispõe de toda a quantia, a central de distribuição da instituição financeira recolhe dinheiro em várias agências da região para completar o total requisitado.
Assim, a PF decidiu pedir a quebra do sigilo bancário das agências para, então, tentar chegar a eventuais correntistas considerados suspeitos, o que levará os policiais a ter de checar todas os saques de valor mais alto.
Para facilitar o trabalho de rastreamento, o delegado encarregado do caso, Diógenes Curado, da Superintendência da PF em Mato Grosso, requisitou ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) os saques considerados suspeitos acima de R$ 10 mil e todos os com valor superior a R$ 100 mil nesses três bancos.
O Coaf divulgou que pesquisou em seu banco de dados os nomes dos envolvidos na negociação para a compra do dossiê e que não encontrou registros de comunicações de operações relacionadas a eles.
De acordo com o Coaf, nenhuma das informações disponíveis até o momento indica que o dinheiro apreendido provém de saques superiores a R$ 100 mil –valor a partir do qual os bancos estão obrigados a informar as operações ao órgão.