A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Sanguessugas obteve nesta segunda-feira, em reunião com o juiz federal Jefferson Schneider, em Cuiabá, a garantia de que receberá um reforço nas investigações sobre as fraudes na compra de ambulâncias por prefeituras. A Justiça Federal passará à CPMI todas as informações sobre o depoimento que vem sendo prestado há uma semana por um dos supostos líderes da “máfia das ambulâncias”, Luiz Antônio Vedoin.
“A vinda a Mato Grosso foi boa porque tivemos uma importante conversa com o juiz: assim que o depoimento de Luiz Antônio Vedoin for concluído, teremos acesso a toda a documentação”, ressaltou a deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Por outro lado, segundo ela, foi pouco produtivo o depoimento de Maria da Penha Lino, ex-assessora do Ministério da Fazenda, à CPMI nesta segunda-feira, na Assembléia Legislativa de Mato Grosso. De acordo com Grazziotin, a depoente se mostrou temerosa e não acrescentou detalhes novos à investigação.
Maria da Penha Lino é apontada como a suposta conexão da máfia das ambulâncias dentro do Ministério da Saúde. “Não houve um depoimento positivo do ponto vista da revelação de fatos”, afirmou a deputada.
Novo depoimento
Nesta terça-feira pela manhã, também em Cuiabá, a CPMI vai ouvir o empresário José Darci Vedoim, dono da empresa Planam, também apontado como um dos supostos líderes da venda superfaturada de ambulâncias para prefeituras com recursos de emendas ao Orçamento da União.
Já o depoimento de Luiz Antônio Vedoin à CPMI só acontecerá depois que a comissão receber os documentos da Justiça Federal sobre ele.
Mais investigações
O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), integrante da CPMI das Sanguessugas, disse nesta segunda-feira que a comissão poderá precisar de um prazo superior aos 60 dias previstos para concluir as suas investigações. O motivo é a suposta existência de gravações telefônicas que envolveriam 17 parlamentares com o esquema das ambulâncias.
De acordo com notícias veiculadas pela imprensa no último fim de semana, os parlamentares teriam tido conversas comprometedoras com os empresários Luiz Antônio Vedoin e José Darci Vedoin. Nas conversas, os deputados combinariam com os empresários as fraudes e a liberação das emendas. Essas conversas teriam sido gravadas por determinação judicial e fariam parte de um relatório ainda não lido pela CPMI.
“Tudo aquilo que vier de informação representa um trabalho a ser feito. Nós iremos nos aprofundar nas investigações; quanto mais denúncias aparecerem, maior será a nossa obrigação de aprofundar”, ressaltou Arnaldo Faria de Sá.