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Dante escreveu uma das páginas mais brilhantes da história nacional

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Dante Martins de Oliveira, 53 anos, agora faz parte da história. Uma morte precoce, fulminante, nesta quinta-feira à noite, abreviou uma carreira política que pode ser considerada inconstestável: ele foi quase tudo o que um homem público poderia desejar. Viveu do brilhantismo e também de alguns tropeços. Contudo, deixou um legado para a posteridade: por muitos anos, ele será lembrado como o homem que tentou restabelecer as eleições diretas para presidente da República, a famosa “Emenda Dante de Oliveira” que culminou com o movimento das Diretas-já. Dante será sepultado nesta sexta-feira, no Cemitério da Piedade, no centro.

Militante do movimento estudantil, Dante procurou o caminho político para construir seus sonhos de democracia. Começou com uma derrota para vereador. Depois acabou eleito deputado estadual. Em seguida foi deputado federal, quando, então, apresentou a emenda que o tornaria famoso. Elegeu-se posteriormente prefeito de Cuiabá, mas deixou o mandato para ser ministro da Reforma Agrária. Foi prefeito de novo, depois de ter tropeçado numa eleição para deputado federal. Chegou ao Governo onde ficou por quase 8 anos. Saiu para tentar ser senador e perdeu uma eleição ganha.

O senador Antero Paes de Barros definia Dante de Oliveira como “um político encantador e de muita sorte”. E de fato. Tudo, ou quase tudo, dava certo para o ex-governador. Por exemplo: a emenda das Diretas-já poderia chamar-se Sebastião de Oliveira. É que o texto do projeto que tentava reestabelecer eleições diretas para presidente da República no Brasil foi redigido pelo pai de Dante de Oliveira, ex-deputado constituinte de 1946 pela UDN. A emenda não foi avante, mas seus resultados foram mais potencializados que se fosse aprovado. Nas coisas de Dante, o senador dizia: “Nem Duda Mendonça faria melhor” – referindo-se ao marqueteiro.

No caso da emenda das Diretas-já, eram necessárias as assinaturas de 160 deputados e 23 senadores. Dante conta que faltava um senador do Espírito Santo e ele ficou, na véspera da abertura do Congresso, até de madrugada no aeroporto para conseguir o apoio. No dia seguinte, 2 de março, correu à tribuna no início dos trabalhos para apresentar sua emenda. A partir daí, o assunto cresceu no Congresso e na opinião pública e mudou, para sempre, a biografia do deputado de Mato Grosso.

Ainda hoje, depois de ter sido por duas vezes prefeito de Cuiabá e governador de Mato Grosso, ele é mais lembrado pela emenda que levou seu nome. “Não adianta, apesar de tudo o que fiz depois, essa foi a obra política de minha vida”, admitiu há dois anos, nas comemorações dos 20 anos da campanha das Diretas-Já. “Mas não me queixo. Afinal, tudo o que consegui depois foi conseqüência daquela emenda.”

Ninguém, no entanto, recebe tantos louros no livro quando Ulysses Guimarães, o “Senhor Diretas”, como ficou conhecido. Segundo Dante, Ulysses soube esperar o momento certo de colocar a campanha na rua. “Ele percebeu que o movimento ainda não tinha a união necessária. Só quando ganhou o partido inteiro ele deixou o movimento ganhar as ruas.”

Há dois anos Dante lançou o livro Diretas Já – 15 Meses que Abalaram a Ditadura, junto com o ex-deputado Domingos Leonelli, também membro do grupo que apoiou a emenda desde o início. O livro desfila histórias e homenagens a grande figuras do movimento, como Franco Montoro, Teotônio Vilela, Tancredo Neves, Luiz Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola.

Apesar desse reconhecimento e de sua emenda, Dante sempre ressaltou que as diretas não tiveram um dono. “A população foi a grande referência do movimento e a verdadeira autora das diretas, porque derrubou uma ditadura sem um tiro, uma vitrine quebrada ou um carro incendiado”, dizia. “Hoje podemos olhar para trás e dizer: valeu a pena lutar”.

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