Um ponto do cenário nacional já está devidamente definido: PSDB e PFL vão caminhar juntos. O reflexo nas eleições em Mato Grosso é controverso: o PFL, considerado o principal braço da aliança governista, não vai poder estar na chapa majoritária encabeçada pelo governador Blairo Maggi em função dos efeitos da verticalização – mesmo depois de flexibilizada. E por razões políticas, dificilmente os liberais formarão uma aliança formal com o PSDB. Mas, todos, de alguma forma vão estar juntos, apoiando o projeto de Geraldo Alckmin a presidente da República. Conclusão óbvia: a engenharia política já prevê candidatos “laranja” e coligação branca.
Depois do último entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o esquema jurídico que devem ser observadas as alianças eleitorais, Maggi prometeu recomeçar os entendimentos com as siglas aliadas. Evidentemente, já contava com esse cenário. E, por certo, também já previa uma aliança informal com os liberais. Blairo nunca escondeu nos últimos tempos que tinha preferência pelo nome de Jaime Campos para ocupar a vaga ao Senado. Agora, com a confirmação aliança nacional tucanos e liberais, o desejo terá que ser manifestado pelo “jeitinho”.
Em verdade, a aliança entre PFL e PSDB acaba prejudicando tanto os planos dos governistas como também das duas siglas: em Mato Grosso a coligação é vista com grandes reservas políticas e eleitorais. Os dois partidos sempre estiveram em campos opostos, de oposição ferrenha. Em cinco meses de conversações, os dois lados nunca demonstraram grande interesse numa aliança. Até porque há restrições internas. Os dois partidos chegaram a se reunir oficialmente para tentar armas oposição ao Governo Maggi, mas não passou de um encontro. Sondagens eleitorais também foram prósperas em condenar um acordo eleitoral entre os dois segmentos políticos.
Sem aliança entre PFL e PSDB, a situação remete para “candidaturas” isoladas. Os dos partidos têm nomes ao Senado Federal: no PFL, Jaime Campos não abre mão de assumir a vaga hoje ocupada por Antero de Barros, do PSDB, que, por sua vez, maneja o desejo de ser candidato a reeleição – embora esteja esperando apoio do Diretório Nacional. Os tucanos articulam neste momento o nome de Rogério Salles para ser o candidato a governador. Porém, há outros eventuais candidatos menos “imponentes”, em busca de espaço para futuros projetos políticos, que podem indicar uma colocação apenas com a finalidade de “alavancar” os projetos internos dos dois partidos, quais sejam, as eleições de seus principais expoentes.
Teoricamente, essa situação dificulta para a aliança governista. Articuladores da coligação “Mato Grosso Mais Forte” já trabalham com a possibilidade de ter que buscar uma aliança menos ortodoxa, se assim pode-se dizer. Todavia, também não prejudica de todo. Olhando por outro lado, PSDB e PFL poderão ter eventuais “laranjas” disputando o Governo para garantir as candidaturas fortes ao Senado, respectivamente, de Antero e Jaime Campos. Maggi, por sua vez, poderá costurar aliança com as siglas sem candidatos a presidente da República. Isso significa, solidamente, a entrada do PMDB na aliança – ocupando uma vaga na majoritária, desejo maior do presidente do partido, ex-senador Carlos Bezerra, exímio esgrimista da articulação política.
Por outro lado, essa situação deverá sufocar a disputa interna que se estabeleceu no PPS pela vaga de vice de Maggi, entre Iraci França, que atualmente ocupa o cargo, e Luiz Antônio Pagot, ex-secretário chefe da Casa Civil. Iraci conta com apoio de grande parte do diretório do PPS. Já Pagot, homem de confiança de Maggi desde a administração do grupo empresarial Amaggi, tem o apoio dos chamado “núcleo duro” da governança.
No pós-retomada das discussões, o governador tem dito que sua maior preocupação é quanto as eleições proporcionais. A composição da chapa proporcional sempre foi um entrave nas negociações. Maior até que a definição de nomes e vagas dentro da chapa majoritária. As eleições para deputado estadual e deputado federal é que assegura o contato direto com o eleitor. “O Senado são os partidos que vão decidir” – disse. Quanto a vice, foi taxativo: a regra definida é que o assunto seja discutido com os partidos, mas a decisão final será dele próprio.