Discursando em Belo Horizonte, logo depois de ter sido confirmado como candidato à presidência pela convenção nacional do PSDB, Geraldo Alckmin referiu-se ao governo Lula como um período “que não tem paralelo na história” do país. “Nunca houve tanta desfaçatez e tanto banditismo em esferas tão altas da República”, afirmou. Alckmin insinuou que Lula é “o líder dos 40 ladrões”.
“Que tempos são esses, em que um procurador-geral da República denuncia uma quadrilha de 40 criminosos e no meio da lista estão ministros, auxiliares do presidente, amigos do presidente?”, perguntou o candidato. “Que tempos são esses, no Brasil, em que a cada vez que ouvem uma notícia sobre a quadrilha dos 40, os brasileiros pensam automaticamente, em silêncio: e o chefe? Onde está o chefe, o líder dos 40 ladrões?”
Alckmin se auto-atribuiu a missão de “restaurar a confiança dos brasileiros no Governo da República. Devolver dignidade e seriedade ao cargo”. E, por meio de um jogo de palavras, montado com o nítido propósito de esquivar-se de processos judiciais, deu a entender que Lula é corrupto, mentiroso, preguiçoso, omisso, enganador, e cínico. Eis o que declarou o candidato tucano:
“O povo brasileiro não é corrupto. O povo brasileiro não é mentiroso. O povo brasileiro não é preguiçoso. O povo brasileiro não é omisso. O povo brasileiro não é enganador.O povo brasileiro não é cínico. O seu presidente também não pode ser”.
Alckmin discursou diante da platéia de convencionais que inclui os principais líderes do tucanato, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o presidente do PSDB, Tasso Jereissati; o ex-prefeito José Serra; e o governador Aécio Neves (Minas). A tônica de todas as manifestações foi o anti-lulismo.
Alckmin disse que deseja “ser um presidente à altura do Brasi”. E voltou a ironizar Lula: “Um líder verdadeiro, um presidente como o Brasil precisa e merece, não pode se omitir; não pode dizer que ‘não sabia’; não pode fingir que não tem responsabilidade sobre as coisas; não pode achar que nada é com ele. Não sou assim. Não serei assim na presidência”.
Num dos mais incisivos ataques à gestão de seu rival, Alckmin afirmou que “o aparelho de Estado foi tomado de assalto por quem deveria geri-lo”. Ele pronunciou uma lista de escândalos. Incluiu mesmo os que não restaram comprovados, como a denúncia dos dólares supostamente vindos de Cuba, para a campanha de Lula. Dólares que teriam sido transportados em caixas de bebidas de Brasília para São Paulo.
Eis a relação: “Mensalão, corrupção nas estatais, dólar na cueca, dólar em caixa de bebida, malas de dinheiro, propinas, compra de deputados, sanguessugas do dinheiro público”. Ao dizer que o “Estado foi tomado de assalto”, Alckmin valeu-se de um complemente que remete às cores do PT: “(…) especialmente por um partido político que deixou o Brasil vermelho de vergonha”.
Os ataques a Lula e ao PT foram reservados para a parte final do pronunciamento. Antes, o candidato discorrer sobre a sua plataforma de governo. Leia a íntegra aqui. As diretrizes do programa de governo de Alckmin foram detalhadas pelo blog em quatro despachos anteriores: um, dois, três e quatro.