Em reunião reservada realizada na última quarta-feira, em Brasília, o PMDB de Roberto Requião, candidato favorito à reeleição para o governo do Paraná, estabeleceu um acordo com o candidato tucano Geraldo Alckmin. Requião seduziu o tucanato oferecendo a vaga de vice e a candidatura ao Senado na sua chapa.
O político mais cotado para ocupar a vice de Requião é o deputado estadual tucano Hermas Brandão (PSDB), presidente da Assembléia Legislativa do Paraná. O candidato ao Senado será o também tucano Álvaro Dias. Desafeto de Requião –os dois não se falam há quatro anos—, o senador Álvaro Dias tenta renovar o seu mandato em 2006.
O movimento de Requião rumo à chapa de Alckmin é o mais duro revés sofrido por Lula no esforço que empreende para celebrar nos Estados alianças do PT com o PMDB. O presidente dava como provável um acerto com Requião, de quem se diz amigo fraternal. Mas a decisão do governador paranaense parece irreversível. Já foi comunicada inclusive ao presidente do PMDB, Michel Temer.
Para acertar os detalhes da junção do PMDB paranaense com o PSDB, Requião enviou a Brasília o chefe do Gabinete Civil do seu governo, Rafael Iatauro. Fez-se acompanhar de uma comitiva de tucanos paranaenses. Reuniram-se com Alckmin e com os senadores Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB; e Sérgio Guerra PE), coordenador da campanha tucana.
Falando em nome de Requião, Iatauro formalizou a oferta da vice e da vaga ao Senado. Tasso chamou para a reunião o senador Álvaro Dias. E Iatauro repetiu diante do senador tucano que, a despeito das diferenças que ele tem com Requião, o PMDB deixará de lançar candidato ao Senado para apoiá-lo. Álvaro afirmou que não contempla a hipótese de fazer campanha ao lado de Requião, mas não se opôs ao acordo.
Ouvido pelo blog, Álvaro Dias reproduziu a posição que sustentou no encontro: “O que eu disse é que, embora eu não concorde com a tese, não me aponho a ela. Até porque não tenho participado da direção do partido no Paraná”. De fato, quem manda no diretório paranaense do PSDB, que dará a palavra final sobre a coligação, é a bancada estadual do partido, coordenada por Hermas Brandão, o provável vice de Requião.
Há dois anos, PSDB e PFL haviam se comprometido a apoiar para o governo do Paraná a candidatura do senador Osmar Dias (PDT), irmão de Álvaro. Mas Osmar não parece disposto a disputar com Requião. Ficou de dar a palavra final no próximo dia 19. Tudo indica que dirá “não”, abrindo espaço para a celebração do acordo tucano-peemedebista no Paraná. Negocia-se também a inclusão no acordo também do PFL, uma legenda apinhada de desafetos de Requião no Paraná.
As relações de Requião com o tucanato de seu Estado são acerbas. O governador preferiria um acerto com o PT. Mas age movido pelo pragmatismo. Pesquisa encomendada pelo próprio PSDB indica que ele dispõe de 43% das intenções de voto. Unindo-se ao tucanato local, pode vencer a eleição no primeiro turno. Por ora, há apenas mais dois candidatos no páreo: Rubens Bueno, do PPS (cerca de 12% nas pesquisas) e Flávio Arns, do PT (4%).
Lula estabelecera como prioridade para o PT obter coligações com Requião e com Luiz Henrique, governador licenciado de Santa Catarina, que também disputa a reeleição pelo PMDB. Requião preferiu Alckmin. Luiz Henrique, conforme já noticiado aqui, também.