O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) negou que tenha pedido dinheiro emprestado a João Arcanjo Ribeiro para sua campanha eleitoral de 2002. Admitiu, porém, que esteve na fazenda de Arcanjo para conhecer um projeto de piscicultura, mas isso em 1999. “É uma espalhafatosa mentira isso. Nunca tratei desse assunto com Arcanjo. Aliás, fui lá a convite de um empresário que queria ver o projeto de piscicultura dele. Só foi uma vez lá”, afirmou.
“Há um conluio entre os bandidos que estão presos e o PT. E juiz [federal Julier Sebastião da Silva] que é do PT”, afirmou Antero. O juiz mandou abrir inquérito em 2005 para apurar o suposto caixa dois do PSDB. “Você pode anotar o seguinte: há rumores de [concessão de] benefícios para a mulher, a filha e para o patrimônio [de Arcanjo]. Desafio qualquer cidadão a apresentar algum documento. Nunca fiz nem autorizei ninguém a fazer empréstimo com Arcanjo”, disse. O ex-governador Dante de Oliveira nega ter operado com a factoring de Arcanjo durante a campanha. Ele não telefonou de volta ontem.
O ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, 55, condenado a 37 anos de prisão por comandar o crime organizado em Mato Grosso, afirmou ontem à Folha que o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) foi à sua fazenda em Cuiabá, em 2002, pedir dinheiro para a campanha eleitoral.
A PF (Polícia Federal) abriu inquérito para apurar o suposto caixa do PSDB em Mato Grosso nas eleições de 1998 e 2002. Nesse último ano, Antero disputou e perdeu o governo do Estado: “Ele me cumprimentou. E falou: ‘Olha, a minha visita aqui é oficial. Eu vou enfrentar uma campanha e vou precisar de recurso’. De antemão disse: Antes até do que você vai falar, procure o Nilson. Empréstimos nós fazemos”, disse Arcanjo.
“Ele falou inclusive: ‘Empréstimo não pode’. [Eu disse] Isso a gente dá um jeito. Teriam que ser operações [comerciais de fomento]. Nós tínhamos feito muitos empréstimos na Confiança. Queríamos parar”, disse. As factorings só podem comprar cheques de empresas. Não têm permissão para fazer empréstimos.
Preso em Cuiabá desde março, após ser extraditado do Uruguai, Arcanjo falou com a Folha sob escolta de cinco policiais militares armados com fuzis na sala da administração do presídio Pascoal Ramos. Ele foi condenado em 17 de dezembro de 2003 pelo juiz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal de Cuiabá, a 37 anos de prisão por comandar organização criminosa, lavar dinheiro e praticar crime contra o sistema financeiro. Ele recorreu da sentença.
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