A permanência de Ana Carla Muniz como secretária Estadual de Educação poderá provocar a fuga de vários partidos da aliança que esta sendo formada para o pleito de outubro deste ano. E tudo porque o marido da secretária, Percival Muniz, presidente do Diretório Estadual do PPS já acena com a possibilidade de trocar a disputa por uma vaga na Câmara Federal, considerada por muitos como uma candidatura derrotada, para disputar uma vaga na Assembléia Legislativa, prejudicando assim os acordos que estão sendo negociados entre os vários partidos que apóiam o atual governo e Blairo Maggi que tentará a reeleição.
Alguns parlamentares estaduais não escondem uma certa frustração com Ana Carla e seu marido Percival. “Eles estão usando a Secretaria de Educação que tem um poder de influência muito grande em todo o Estado para pavimentar a candidatura de Percival à Assembléia Legislativa. Não estão sendo éticos. Para nós, nas conversas que mantemos para viabilizar a aliança ele diz que será candidato a Deputado Federal, mas vem trabalhando para ser candidato a Deputado Estadual. Isso acaba prejudicando o nosso trabalho nos municípios para a viabilização da reeleição de vários deputados”, disse um influente parlamentar.
E para neutralizar o que chamam de jogo baixo do casal Muniz, as bancadas destes partidos que estão constantemente sendo procurados pelo governador Blairo Maggi e por seu coordenador político de campanha, Luiz Antônio Pagout, preparam o ataque para o próximo encontro que terão com Maggi: vão pedir a demissão de Ana Carla Muniz da Secretaria Estadual de Educação. E o argumento é contundente. Além de poder estar usando a força política da pasta que ocupa em prol do próprio marido existe uma pesquisa que mostra que seu trabalho na pasta é péssimo. Segundo esta pesquisa apenas 1% da população acha a educação mato-grossense boa. O que levou um parlamentar a comentar que “Ana Carla conhece tão bem de Educação quanto eu conheço de submarino”.
Os deputados que estão trabalhando para suas reeleições e arregaçando as mangas em suas regiões avisam que Percival Muniz precisa acabar logo com o que chamam de “lenga-lenga”. “Ele precisa definir logo que cargo vai disputar. Se será a federal, como vem argumentando ou se vai tentar uma vaga na Assembléia Legislativa”, disse um importante analista político, lembrando que não dá para esperar a convenção em junho, principalmente tendo sua esposa em um cargo chave do governo. “Ele é anti-ético. Sabe que existe um acordo do governador para a campanha do deputado Sebastião Rezende, em Rondonópolis e está fazendo isso para atrapalhar este acordo”, disparou um outro parlamentar..
Os deputados estaduais fazem questão de lembrar que a “Assembléia é amiga do governo, mas não recebe a mesma recíproca do governo”.E advertem que a eleição de Maggi terá complicação na Assembléia Legislativa se os acordos não forem cumpridos. “O governador está com menos de 50% de apoio em todos os municípios do Estado – ele é considerado um rico que governa apenas para rico. Se quiser ganhar a eleição vai depender e muito dos partidos que estão dispostos a ajudá-lo nesta empreitada”, observou outro deputado, ressaltando que as principais lideranças políticas de Mato Grosso não integram o PPS. “Pedro Henry, do PP tem uma ampla influência na região oeste; Welligton Fagundes, deputado federal do PL é mais influente do que o governador e seu grupo na região sul; o deputado estadual Humberto Bosaípo, PFL, tem um enorme prestígio na região do Araguaia. No Nortão, não podemos esquecer o poderio político de Silval Barbosa, PMDB e José Geraldo Riva, do PP. Portanto, o governador e o PPS poderiam ter alguma chance apenas na baixada cuiabana e no Médio Norte. Mas é preciso esclarecer que nestas duas região existe uma pluralidade de alianças. Desta forma, Maggi precisa entender que vai depender de apoio não só dos partidos como destas lideranças, muitas delas da Assembléia Legislativa para garantir sua reeleição. Assim, será preciso fazer acordos. E um eles passa pela demissão da secretária Ana Carla Muniz”, explicou um analista político.
Estes mesmos deputados ressaltam que Maggi precisa acabar com a “frigideira de Rondonópolis. Lembram que Blairo criticava a panelinha de Dante e se elegeu com este mote, que poderá muito bem ser usado contra seu governo se esta frigideira não for usada exatamente contra o casal Muniz.