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Oposição decide intensificar ataques ao governo Lula

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As cúpulas do PSDB e do PFL estão eufóricas. Reunidos em torno do presidenciável tucano Geraldo Alckmin, os dois principais partidos de oposição ao governo Lula avaliam que atravessam o seu melhor momento desde a explosão do escândalo do mensalão, em maio de 2005. Julgam ter devolvido Lula às cordas. E decidiram intensificar nos próximos dias os ataques ao governo.

Tucanos e pefelistas têm pressa. Receiam que o ministro Antonio Palocci (Fazenda) seja afastado de seu cargo antes que consigam recriar em torno de Lula o mesmo ambiente de alegada degenerescência ética que roeu o prestígio do presidente e do governo no ano passado. Segundo raciocínio desenvolvido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso numa conversa telefônica ocorrida na quarta-feira, “a hora é de sangrar o adversário”.

Lula já farejou a tática rival. Acusa a oposição de patrocinar um “jogo rasteiro”. Uma tática que, para desassossego do presidente, começa a surtir efeito. Pesquisas de opinião feitas pelo telefone a pedido do Planalto indicam que a imagem de Lula começa a ser afetada pela crise que envolve Antonio Palocci. Para não dar mais munição ao inimigo, o governo guarda com enorme zelo os números, manuseados apenas por duas pessoas.

Nesta sexta-feira, Geraldo Alckmin manteve encontro a portas fechadas com o prefeito do Rio, César Maia. Oficializaram o que, na prática, já era mais do que oficial: a desistência de Maia, pré-candidato do PFL à presidência, em favor de Alckmin. Durante a conversa, Alckmin exalava otimismo. Mostrou-se esperançoso de que o episódio da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa empurre para cima os seus índices nas pesquisas de opinião.

Sem saber, Alckmin foi à mosca. De acordo com as sondagens telefônicas encomendadas pelo Planalto a invasão dos extratos do caseiro foi o que mais incômodo causou aos entrevistados. Mais até do que a denúncia de Francenildo de que Palocci freqüentou a “ mansão do lobby” que a “ República de Ribeirão Preto” mantinha em Brasília. Embora mais precária do que um levantamento de rua, a sondagem telefônica capta com eficiência a opinião de uma classe média que Lula se empenha em reconquistar.

As frinchas abertas na imagem de Lula são, por ora, tênues. Mas receia-se que aumentem se o governo permitir que prevaleça, como vem ocorrendo, a impressão de que o PT mobilizou o aparato do Estado para desmoralizar um “simples caseiro”, como Lula se referiu a Francenildo. Vêm daí as dúvidas que passaram a assediar Lula. Antes decidido a manter Palocci no cargo, o presidente agora balança.

Em parceria previamente acertada, os líderes do PSDB e do PFL na Câmara e no Senado se alternaram na tribuna ao longo da semana. Produziram discursos em timbre crescentemente agressivo. Do jogo de palavras, migraram para a ação: na Câmara, o presidente interino do PSDB, Alberto Goldman (SP), protocolou ação em que pede o enquadramento de Palocci em crime de responsabilidade. No Senado, o líder Athur Virgílio (PSDB-AM) requereu à mesa investigação do Coaf (Conselho Administrativo de Controle de Atividades Financeiras) contra Paulo Okamotto. Nos mesmos moldes do que foi feito contra o caseiro Francenildo (lavagem de dinheiro).

A oposição tira proveito máximo de uma seqüência de “erros” cometidos pelo governo: a série começou com o recurso ao STF para calar o caseiro na CPI dos Bingos, evoluiu para a quebra ilegal do sigilo bancário de Francenildo e culminou com a transformação do algoz de Palocci de vítima em investigado pela Polícia Federal. Em avaliações internas, Lula avalia que o governo vai perdendo para seus adversários o que chama de “batalha da mídia”. O presidente teme que, para sair do córner, tenha de entregar a cabeça de Palocci. Algo que não desejava fazer.

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