O PFL não é mais aliado do Governo. É oposição. Pelo menos em parte. A definição do partido em torno da sucessão estadual foi fixada já nesta sexta-feira, durante reunião com o líderes do PSDB no escritório político do ex-prefeito Jaime Campos, em Várzea Grande. Juntos, eles armaram a estratégia para derrotar o governador Blairo Maggi, candidato a reeleição: não vão se aliar agora. A idéia é que o PSDB construa uma candidatura ao Governo e o PFL também. Isso, eles acreditam, pode forçar a realização de um segundo turno, onde, então, aí eles se uniriam.
Para levar o projeto adiante, conforme eles discutiram na reunião, segundo um dos participantes, a cúpula do PFL fará uma última tentativa para forçar o senador Jonas Pinheiro a ser o candidato ao Governo do Estado. Pinheiro foi um dos poucos líderes pefelistas que não estiveram na reunião com os tucanos, hoje. O político vem se recusando, de forma sistemática, disputar a eleição contra o amigo e “pupilo” político. Pinheiro considera traição de alto nível uma candidatura contra o governador.
Já o PSDB, para viabilizar o seu projeto de candidatura própria, vai ter que discutir mais internamente. A exemplo do PFL buscará um nome para sair no sacrifício. Até aqui, os nomes aventados pela sigla não avançaram. O último foi o prefeito de Sinop, Nilson Leitão. Antes, apareceu o nome do senador Antero de Barros, que, posteriormente, também declinou da possibilidade, bem como o ex-governador Rogério Salles. Dante de Oliveira, que também foi governador, jamais aventuou a hipótese de disputar de novo o cargo.
Apesar da deficiência por causa da falta de nomes teoricamente viáveis, os dois partidos seguirão juntos. No discurso, a verticalização e os objetivos comum com a eleição de Geraldo Alckmin a presidente da República. O governador de São Paulo, que pertence ao PSDB, terá como vice um nome a ser indicado pelo PFL. No pano de fundo, porém, está a eleição de Antero de Barros para deputado estadual, Dante de Oliveira, para uma vaga na Câmara Federal, e, Jaime Campos para o Senado.
Os dois partidos ainda deverão se coligar nas proporcionais. Juntos, vão tentar ainda atrair outras siglas, como o PL e o PTB. A idéia é formar um “chapão” que possa assegurar uma bancada forte na Assembléia Legislativa. Na contabilidade dos tucanos e pefelistas, juntos eles acreditam que conseguem eleger quatro deputados federais e de seis a oito estaduais.
Tucanos e pefelistas deixaram a reunião otimistas. Pela porta foi possível ouvir várias declarações de otimismo dos participantes. Os dois lados acreditam que o Governo Maggi é frágil. “Com 15 dias de campanha a gente acaba com o Governo” – disse um deles, em determinado momento. Na semana passada, em Jangada, durante reunião do PFL, o ex-prefeito Jaime Campos fez um duro discurso contra o Governo, classificando-o como “fraco”.
A aliança estratégica entre PFL e PSDB tem também dissimulações. “Este é um momento de avaliação e reflexão e não vejo nenhuma dificuldade de coligarmos em nível estadual” – disse Jaime Campos. “Sempre fomos adversários de forma política no campo de idéias e nunca inimigos de morte”. Para amenizar o impacto de um entendimento – a exemplo do que aconteceu quando o PFL e o PMDB se uniram para uma eleição – os dois partidos discursam para o público externo, lançando consultas às bases. Uma pesquisa também ajudará a decifrar o enigma do eleitorado.