Pré-candidato à Presidência da República pelo PMDB, o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho afirmou a pouco, em Cuiabá, que sua candidatura será mantida independente da manutenção ou derrubada da verticalização. Entretanto, ele aposta que após a promulgação da nova legislação, aprovada pelo Congresso e que derruba a verticalização, a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, divulgada ontem, de manutenção da mesma, passará a não ser válida. Quanto ao processo estadual, Garotinho afirmou que a decisão será do diretório estadual e que não sofrerá interferência do nacional e ressaltou que sentiu clima de vitória em Cuiabá.
“Com a promulgação da nova legislação passa a vigorar um novo pacto e então a verticalização cairá, que é uma decisão das duas Casas, da Câmara e do Senado e, portanto, eu tenho certeza que esta interpretação dada pelo Tribunal Superior Eleitoral foi dada em relação ao antigo quadro de leis existentes no país. Há uma lei aprovada, porém não sancionada. A partir do momento que ela for sancionada, muda-se o quadro em relação a verticalização”, aposta.
Mesmo com esta interpretação, o pré-candidato que participou de um encontro do partido no Estado, afirma que a verticalização “parece coisa encomendada, por quem tem interesse”. “Eu creio que o Brasil não pode ficar fazendo remendos. O país teve a oportunidade de fazer uma reforma política, aprovar a fidelidade partidária, aprovar uma série de medidas importantes para que a Legislação brasileira ficasse boa, que evitasse caixa dois, que evitasse uma série de irregularidades que ocorreram na campanha do PT e do PSDB na eleição passada. Agora, como estão fazendo só a verticalização, isso me parece coisa encomendada, por quem tem interesse”.
Garotinho, que aposta fielmente na vitória nas prévias contra o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, para disputar o Palácio do Planalto, afirma que os dois chegaram a um entendimento durante o carnaval e que “quem ganhar a prévia, no dia seguinte, o outro estende a mão” e eles estarão juntos na campanha. Com esta certeza, Garotinho descarta veementemente a disputa a qualquer outro qualquer eletivo em outubro próximo.
“É uma decisão pessoal de só disputar cargo à Presidência. Estou há muito tempo ocupando posições públicas, eu sai de deputado, fui para prefeito, para secretário de Estado, depois voltei a ser prefeito, depois governador, depois secretário. Então, eu não estou atrás de emprego. Eu tenho um sonho, o sonho de mudar o meu país. Então se não puder ser candidato a presidente, o que eu acho pouco provável, as pesquisas internas dão 70% para mim, contra 30% do Rigotto, eu creio que vamos ganhar. Então creio que não existe possibilidade de disputar outro cargo”, enfatizou.
O pré-candidato voltou a fazer duras críticas ao governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, afirmando que nenhum outro governo, nem mesmo o de Fernando Collor de Melo, foi “tão corrupto”. Segundo sua análise, o governo petista “falhou fortemente em três questões”. “Primeiro lugar na política econômica, que favorece o sistema financeiro e que inibe a produção. Segundo, errou na gestão, é um governo muito lerdo, um governo que as coisas custam a acontecer. Eu costumo dizer que o Lula montou um Ministério de tartarugas, tudo lentinho, tudo devagar. Veja que para fazer uma operação tapa-buracos eles levaram três anos. E o terceiro ponto é a questão da ética. Não existiu, incluindo o governo Collor, o governo mais corrupto na história do Brasil um governo mais corrupto que o governo Lula. Então com estas três falhas eu creio que o Brasil vai votar para mudar e mudar não é o PSDB, é o PMDB”.
Quando questionado sobre os membros do PMDB que participam do governo Lula, Garotinho foi enfático: “eu fui contra”. “Uma coisa é um governo do PMDB. O governo é do PT. A corrupção envolve os petistas. O programa econômico é do PT. Os ministérios com mais poderes são do PT. Então vamos separar incompetência, corrupção, que tem nome e endereço: PT, Palácio do Planalto”.
O pré-candidato reforçou que a nível nacional o PMDB vai ter sua candidatura própria e caminhar com um programa alternativo, com seis pontos básicos: redução da taxa de juros, redução da carga tributária e o aumento do crédito. “Em conseqüência destas três atitudes, menos impostos, menos juros e mais crédito, nós vamos ter maior salário, maior crescimento econômico e menos desemprego”.
“No plano estadual eu creio que é uma questão que deve ser debatida, pelo diretório estadual do PMDB. A direção nacional não intervém nas questões estaduais”, acrescentou.
Quanto à visita a Mato Grosso, Garotinho, que possui a simpatia da maioria dos membros do partido, afirmou estar sentindo o “clima de vitória”. “Acredito que com exceção de Pernambuco e Rio Grande Sul, nós vamos vencer em todos os demais estados brasileiros”, finalizou.
Presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, o deputado Silval Barbosa (PMDB) afirmou que a manutenção da verticalização não muda em nada o rumo do PMDB, uma vez que o partido já possuía pré-candidato à Presidência. “Só estamos esperando homologar o nome pela prévia. Então, o PMDB está tranqüilo quanto a verticalização. É lógico que terá que fazer algumas outras discussões na acomodação do que irá acontecer em nível nacional, mas estamos tranqüilo”.
O parlamentar afirmou ainda que como ha várias eleições o partido não tinha projeto próprio, este ano a militância está “empolgada” e é natural a pressão pela candidatura própria no estado. Mas o nome ainda continua esperando novos encontros para ser definido. A militância para a pressão de ter uma candidatura em nível de estado. Até mesmo uma aproximação com o PPS e o PDT no Estado Silval acredita ser mais fácil com a verticalização, uma vez que os dois partidos estarão reunidos com o PMDB, em breve, em nível nacional.