Por conta de desentendimentos entre senadores governistas e da oposição, o presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), decidiu encerrar a reunião da comissão em que estava sendo ouvido o juiz Julier Sebastião da Silva, de Mato Grosso, sobre esquemas criminosos de João Arcanjo Ribeiro, “o comendador”.
Durante a reunião, o juiz e o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) discutiram. O Julier acusou Antero de usar caixa dois. O senador, por sua vez, chamou o juiz de “mentiroso” e informou que o está processando por danos morais. As acusações mútuas geraram confusão na sala da CPI.
O depoimento do procurador do Ministério Público de Mato Grosso José Pedro Taques, previsto para começar em seguida, foi adiado. O confronto “Julier x Antero”, em verdade, já era esperado. Há dias o magistrado vem prometendo falar “tudo o que for público nos processos” que tramitam na 1ª Vara da Justiça Federal. Uma das linhas que iria argumentar seria a constituição do patrimônio de João Arcanjo Ribeiro construído através de financiamento de campanhas eleitorais para manter o jogo do bicho e outras atividades criminosas.
Antero, por sua vez, também já esperava pelas declarações “bombásticas” do juiz federal. Os dois, aliás, são declaradamente desafetos. O senador tem como certo a ação petista dentro da CPI com a finalidade de constituir um “dossiê Antero” por causa da sua oposição dura ao presidente Lula. Antero vem mostrando há tempos as ligações de Julier com o PT, especialmente com o procurador Alexandre César, ex-presidente do partido no Estado.