“O desmatamento não é o problema mais grave que afeta o meio ambiente hoje em Mato Grosso. O Estado precisa se preocupar urgentemente com os recursos hídricos”. A opinião é do secretário de Meio Ambiente (Sema), Marcos Machado. Em seu discurso na abertura do Seminário de Descentralização da Gestão Ambiental, no auditório da AMM nesta quinta-feira, o titular da Sema alertou prefeitos e secretários municipais sobre a necessidade de tratar a água como prioridade.
“Todos falam do desmatamento e das queimadas, mas o abastecimento de água e o desequilíbrio ambiental provocado pela ocupação irregular de nascentes e desmate da mata ciliar é muito mais preocupante hoje para o Estado” diz Marcos Machado, justificando que tanto às queimadas, quanto o desmatamento estão praticamente sob controle.
Em 2005 pela primeira vez, Mato Grosso deixou a liderança nacional do ranking de queimadas.Com uma redução de 34% no número de focos de calor registrados durante o período de proibição, que compreende entre os dias 15 de julho e 30 de setembro, o Estado caiu para a segunda posição. A quantidade de áreas desmatadas também foi reduzida.
Segundo Marcos Machado, a maior enchente da história do município de Paranatinga, que deixou duas mil e quatrocentas pessoas desabrigadas no mês de dezembro foi provocada pelo desmatamento da mata ciliar do rio que corta a cidade. “A equipe da Defesa Civil que atendeu os desabrigados no final do ano, constatou que praticamente não havia mais vegetação às margens do rio, favorecendo o transbordamento das águas” disse o secretário.
Machado também lembrou de seis prefeituras que decretaram situação de emergência devido a falta d’agua em 2005, entre elas a de Poconé e São José dos Quatro Marcos. Em Poconé o rio Bento Gomes secou, comprometendo o abastecimento de água na cidade. No relatório apresentado pela Defesa Civil, o motivo da seca foi o desmatamento da nascente do rio.
O secretário de Meio Ambiente, conclamou os prefeitos e secretários municipais de meio ambiente, a ajudarem o Estado na Gestão Ambiental, não só assumindo a responsabilidade pelo licenciamento de atividades de pequeno e médio impactos, mas também, investindo na educação ambiental para conscientizar a população sobre a importância da preservação do meio ambiente e seus recursos naturais como a água.
“Nós temos que agir preventivamente, porque o passivo ambiental é muito difícil de ser recuperado. O que o homem destrói na natureza, só Deus através de um milagre pode recuperar” afirmou. Para o secretário outra preocupação que o Estado deve ter é com o tratamento de resíduos sólidos que também representa uma ameaça ao meio ambiente.
Através do Termo de Cooperação Técnica, com as prefeituras a Sema poderá deliberar aos municípios o poder de licenciamento de sistemas de irrigação, fiscalização e cobrança de taxas para a captação de água nos rios estaduais. Em Cuiabá, a secretaria mantém o projeto de Revitalização do rio Cuiabá e pretende investir os recursos assegurados do programa Pantanal na construção de aterros sanitários nos municípios da baixada cuiabana.