Mais requerimentos estão sendo preparados por deputados independentes e oposicionistas na Assembléia Legislativa para o Governo. Especificamente, sobre finanças e também incentivos fiscais. O movimento faz parte de uma estratégia que tem como alvo o secretário de Fazenda, Valdir Júlio Teis, que já não goza mais de bom relacionamento com os deputados. Considerado frio quando se trata de “cuidar” das chaves do cofre do Governo, quase implacável ao rechaçar discussões em nível político, Teis acabou cometendo um pecado: deixou de atender o líder do Governo no Legislativo, deputado Mauro Savi (PR). “Com isso – explicou uma fonte – houve uma contaminação na base política do Governo”.
Uma das provas eloqüentes sobre as dificuldades que Teis começou a enfrentar no Legislativo foi dada ainda no começo da semana, quando ele e funcionários da Secretaria de Fazenda estiveram no Palácio Dante Martins de Oliveira prestando contas das metas fiscais do 2º quadrimestre do Governo de 2007. A avaliação do orçamento fiscal e da seguridade social. A palestra se resumiu em um “amontoado” de números que ninguém deu muita importância. Na sala, Teis ficou sozinho, sem a presença de Savi. Mais ainda: apenas com os deputados que fazem oposição ao Governo.
Teis foi que “atropelado” pelos deputados José Carlos do Pátio (PMDB) e Percival Muniz (PPS). De quebra, ainda teve que enfrentar as picardias do deputado Humberto Bosaipo (DEM). O deputado Percival Muniz (PPS) afirmou que apesar de as metas fiscais estarem dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo precisa investir mais em setores como a Saúde e a Educação. O parlamentar cobrou do secretário informações detalhadas das empresas que recebem incentivos fiscais em Mato Grosso.
Visivelmente irritado com o andamento da reunião – que descambou para o lado político – e sem anteparo dos chamados aliados, Teis tratou de fazer sua própria defesa. Ou melhor, tratou de defender o Governo. Acabou atingindo ainda mais duramente os deputados, com frases ditas desnecessárias. Num determinado momento, chegou a dizer que “os macacos sentiam vergonha dos humanos” e comparou os parlamentares a um papagaio que espera o milho pronto. Valdir Teis demonstrou aos deputados que não havia assimilado o golpe dos pedidos de informações. Deu a dica errada e agora “chovem” pedidos de informações, que devem ser respondidos na forma da lei.
Ainda na “terça fatídica”, Teis foi chamado ao Palácio Paiaguás para uma conversa com o governador, de onde teria partido a seguinte ordem: não discuta com os deputados, informe o que tiver que ser informado e evite declarações. Desde então, Teis não falou mais em público. Em seguida, Maggi viajou para a Suíça, onde acompanhará nesta terça-feira a decisão da Federação Internacional de Futebol Associados (FIFA) sobre a sede da Copa do Mundo de 2014.
Dentro do Legislativo ninguém ainda fala sobre rota de coligação entre Legislativo e Governo. Há muito espaço para conversações e negociações. “Existem uma distância muito grande para que isso aconteça. Primeiro porque a oposição não é forte, apesar de ocupar bem os espaços na mídia; segundo porque um desequilíbrio qualquer vai fazer o Governo agir” – explicou um parlamentar governista. O fato, no entanto, é que Valdir Teis seguirá sendo o grande alvo dos deputados, que querem mais informações sobre incentivos fiscais e ainda sobre o pagamento das dívidas do Estado.