“ Devemos nos preocupar com a sustentabilidade da produção agrícola mas devemos ao mesmo tempo olhar para a sustentabilidade das populações, seu direito a uma alimentação correta” afirmou o governador Blairo Maggi ao participar, junto com o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, hoje, do seminário Agricultura Sustentável no Brasil, organizado pela Universidade de Wageningen, Holanda.
Na ocasião, com a presença de cientistas brasileiros e holandeses, de membros de ambos os Governos, de ONGs dedicadas à questão da soja e de representantes do setor produtivo da soja – produtores e comerciantes, Maggi teve novamente a oportunidade de interagir com a comunidade internacional no sentido de buscar alternativas e financiamentos para equilibrar o compromisso de assegurar o desmatamento evitado com a necessidade de respeitar o direito ao uso das propriedades privadas. “O Brasil é um dos poucos países no mundo que estipula reservas legais. Sou favorável à moratória [que impede a comercialização de soja proveniente de áreas desmatadas após 07/2004] mas gostaria de saber como o mundo pretende remunerar e/ou dizer ao proprietário que, apesar de seu direito, não poderá mais produzir em suas terras”, indagou o governador.
Respondendo às acusações da imprensa internacional sobre as formas de produção do Estado, o Governador lembrou que apenas 7,6% da área do Mato Grosso é utilizada na produção agrícola contra 13,8% de terras destinadas a reservas indígenas (uma área maior que a Holanda). Maggi falou ainda das ações e políticas sociais de apoio às etnias indígenas implementadas pelo Governo. Segundo informações do ministro Stephanes, apenas 3% do território brasileiro tem soja plantada e deste montante, apenas 0,26% está na Amazônia. O governador assegurou que não há a intenção de se ampliar a área de produção em Mato Grosso. “Ampliaremos nossa produção através de investimentos em melhoria da produtividade e da utilização de áreas degradadas pela pecuária”.
“Como parte desse comprometimento, assinamos recentemente com os representantes dos produtores de soja um Pacto Ambiental”, que visa a recuperação das áreas próximas a rios e nascentes, a suspensão das áreas de plantio em APPs (áreas de preservação permanentes) e do licenciamento ambiental de 100% das propriedades até 2015.
A necessidade de definir o mais rapidamente possível a noção de agricultura sustentável e mais especificamente da soja sustentável foi defendida pelo governador para que os proprietários e produtores saibam exatamente o que devem fazer. Rui Prado, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato) e ex- presidente da Aprosoja concorda. Segundo ele, todos os esforços têm sido feitos no sentido de garantir a sustentabilidade da produção da soja. “Precisamos logo de uma certificação e de um check-list que assegure que estamos fazendo o necessário”, completou.
Com as Organizações Não Governamentais (ONGs) internacionais, último compromisso do dia, Maggi e comitiva participaram de um debate e responderam a perguntas sobre a forma de produção em Mato Grosso. Foi uma oportunidade de abrir canal de negociação, esclarecer as dúvidas dos ambientalistas europeus e mostrar o que tem sido feito na área de preservação ambiental.
Depois do encontro mantido em abril passado com ambientalistas nos Estados Unidos, o governador quis ter esse encontro com as ONGs da Europa. Em julho Maggi foi entrevistado por um grupo de jornalistas europeus na cidade mato-grossense de Apiacás, região do Parque Juruena, uma Unidade de Conservação Nacional localizada no Norte de Mato Grosso e anunciou essa reunião.