A CPI criada para investigar eventuais irregularidades na Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) virou de “cabeça para baixo”. A ausência de João Batista da Silva, o “Maguila”, que fez acusações contra o deputado Juarez Costa (PMDB) de exercer tráfico de influência no órgão, acabou desencadeando acusações e denúncias generalizadas. Sobrou até para o relator da CPI, deputado Dilceu Dal’Bosco (DEM), que chegou a ser indicado pelo deputado Costa como um dos parlamentares que estariam atuando junto a Sema para aprovação de um projeto, na qual já se detectaram algumas irregularidades.
Foi uma manhã quase tensa. Por pouco, os deputados da CPI não bateram boca entre si. O fato de não ter havido tempo hábil para montagem e deslocamento de uma equipe técnica da própria CPI para fazer uma vistoria “in loco” na área “administrada” por João Batista, a CPI entendeu que a acareação ficou prejudicada. Com isso, “Maguila” acabou sendo liberado, com o compromisso de retornar a comissão na semana que vem. Foi o suficiente para que o deputado Juarez Costa, que busca provar sua inocência, se irritar. Chegou ao ponto de forçar ser ouvido na CPI.
Juarez queria a acareação a qualquer custo. Para ele, colocar o detrator “Maguila” frente a frente com o assessor Antônio Góes, e com o procurador da Fazenda Gislaine I, Fábio Galindo. Ele tinha a certeza de que se comprovaria que as acusações, de fato, eram falsas. Mais que isso. Seria provado, por outro lado, que “Maguila”, que já admitiu ter sido segurança em casa noturna antes de ocupar as terras em Feliz Natal, “é um grileiro, pistoleiro e pilantra”. Sem a presença de “Maguila”, fez uso da palavra e acabou se complicando ao afirmar que sabia de deputados que iam a Sema para interceder a favor de projetos de manejo florestal. Acabou se complicando.
Sem esconder irritação, o presidente da CPI, deputado José Riva (PP), mudou o tom da conversa e Juarez passou da palavra para depoimento à CPI. Riva queria que ele declinasse quais os deputados que promovem tráfico de influência na Sema. O político de Sinop citou Dal’Bosco como um dos que interviram em favor de planos de manejos florestais. No debate, ficaram na dialética entre “tráfico de influência” e pedido de um parlamentar para destinação de um determinado item, no caso, o manejo florestal. Costa insistiu que não acusou Dal’Bosco, mas deixou claro que não havia distinção entre o ato do parlamentar que apenas pede e daquele que exerce influência.
Do projeto que o deputado do DEM, apontado por Costa como possível caso de influência externa dentro da Sema, acabou sendo aprovado sem uma vistoria necessária. O projeto foi solicitado pelo deputado diretamente ao secretário Luís Henrique Daldegan. “Ninguém vai lá para pedir que não se aprove um determinado projeto” – resumiu o deputado, que ainda elevou um pouco mais o tom do seu depoimento ao dizer que seus assessores, no passado, trabalharam para “políticos malandros”. Ao contrário do caso de Dal’Bosco, evitou declinar nomes. “Prefiro me reservar no direito de não falar” – exigiu.
Dal’Bosco, no entanto, negou. Ele explicou os trâmite que usou e o tempo gasto para aprovar um dos projetos mencionados pelo deputado Juarez Costa. Em tom quase paterno, disse que entendia a reação do parlamentar peemedebista, pelo fato de estar sendo acusado, e deixou a entender que as denúncias seriam ignoradas. O deputado José Riva também. Tanto que ignorou o pedido do deputado Walter Rabello (PMDB) para afastar de plano Dal´Bosco da relatoria da CPI. “Temos que reunir e avaliar” – disse o presidente da CPI.