Após intensos debates, a Câmara de Vereadores de Cáceres decidiu na sessão ordinária de ontem à noite, criar uma comissão suprapartidária para a investigar possíveis irregularidades praticadas pelo presidente casa, vereador Célio Silva (PP).
A comissão será presidida pelo vereador Rubens Macedo (PTB) e terá como relator o vereador Gregório Garcia Lobato Lopes (sem partido).
Farão parte como membros os vereadores Edmilson Campos (PSDC), Alcy Silva (PFL), Leomar Mota (PP) e Wilson Kishi (PDT).
A Comissão, que não é uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), irá se reunir hoje para planejar as ações que devem apontar para criação ou não de uma CPI.
“Como ainda não há provas materiais de uma possível irregularidade e do envolvimento do presidente da Câmara, vamos buscar os fatos para depois, se for o caso instalar uma CPI”, adiantou o vereador Rubens Macedo, após a formalização da comissão.
A idéia de criar a comissão para investigar a gestão financeira da Câmara surgiu depois que os vereadores Leomar Mota (PP) e Manoel de Matos (PFL) e, a servidora Simone Garcia Carvalho, detectaram descontos equivocados em seus salários.
Ao procurar o setor financeiro para checar a situação, os servidores descobriram que tiveram suas assinaturas falsificadas em “chequinhos” impressos sem o conhecimento dos mesmos.
Com a descoberta da fraude o setor financeiro da Câmara fez um levantamento e descobriu que pelo menos 55 chequinhos no valor de R$ 50, cada, desapareceram da tesouraria nos últimos três meses.
Após rápida investigação, descobriu-se que os chequinhos foram “furtados e falsificados” por uma servidora da Câmara que está tendo seu nome mantido em sigilo.
Segundo uma fonte ouvida pelo Jornal Oeste, ao ser interrogada, ela teria confessado o furto e a falsificação dos chequinhos, porém afirmou que tudo foi feito com o conhecimento do presidente da Câmara, vereador Célio Silva (PP).
A declaração da servidora revoltou o vereador Leomar Mota (PP), que decidiu cobrar uma investigação nas contas da Câmara.
Ontem, na abertura da sessão, o vereador Célio Silva (PP), que chegou a anunciar que se afastaria da presidência para que os colegas pudessem investigá-lo, recuou da idéia e preferiu sugerir a criação de uma comissão de investigação e a contratação de uma auditoria.
A proposta de Celinho foi vista como uma manobra articulada grupo político liderado pelo prefeito Ricardo Henry (PP), para “blindar” o presidente da Câmara e repelir um possível desgaste para o grupo de vereadores que hoje compõe a base de apoio da atual administração.
Isso ficou claro com a composição da comissão de investigação que tem como presidente e relator dois vereadores que fazem parte da base do prefeito.
“Isso vai acabar em pizza”, protestou um freqüentador assíduo das sessões da Câmara.
Tão logo a comissão de investigação foi constituída, sob o pretexto de resolver problemas particulares o vereador Célio Silva abandou a sessão que passou a ser presidida pelo vereador Wilson Bosco Palinha de Oliveira.
Mas, antes de sair, num gesto surpreendente Celinho disse que se for constatada qualquer irregularidade nas finanças da Câmara ele na hesitará em renunciar ao seu mandato.
O vereador disse que este episódio também serviu para reforçar a sua decisão de não ser candidato à reeleição nas próximas eleições.
“Vou cuidar da minha vida e não quero mais saber de política”, declarou.