Mesmo depois da operação Mapinguari da Polícia Federal deflagrada em abril para prender suspeitos de crimes ambientais em Mato Grosso, as irregularidades continuam sendo praticadas no Nortão. A acusação é do presidente da Comissão de Meio Ambiente na Assembléia Legislativa, deputado Dilceu Dal’Bosco (DEM), que denunciou a existência de venda de plano de manejo, supostamente com o envolvimento de funcionários da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e “pessoas estranhas” ao órgão. Pelas denúncias recebidas e repassadas por Dal Bosco, os planos ( indispensáveis para madeireiras extraírem matéria prima das florestas) estão sendo comercializados entre Guarantã do Norte e Apiacás.
Os planos de manejo são emitidos pela Sema e, geralmente, demoram meses para serem expedidos, após serem feitas vistorias nas matas e identificadas as árvores que podem ser extraídas. As madeireiras têm custos consideráveis para bancá-los.
O deputado afirmou que, já passou as informações para o governador Blairo Maggi e foi agendada para a próxima terça-feira, uma reunião com o secretário de Meio Ambiente, Luiz Henrique Daldegan, representantes do setor, empresários ligados ao Meio Ambiente e alguns parlamentares.
“Está caracterizada a indústria da dificuldade para vender facilidades. Não é possível a venda de plano de manejo de uma região diferente da outra”, disse indignado. O parlamentar bate na política da boa coerência, exigindo com apuração mais detalhada, para que não coloque os bons e os maus na mesma vala, como aconteceu com a servidora Célia Martins Pereira de Carvalho, que está respondendo por um ato que não cometeu.
Dilceu Dal’Bosco antecipou pontos da reunião como a ampliação estrutural da Sema podendo haver a criação de mais secretarias adjuntas com objetivo de agilizar a liberação de processos de plano de manejo de áreas.
O parlamentar vai sugerir que o governador limite os planos de manejos para as empresas e que determine a nomeação de um gestor de processos com total autonomia para definir sobre as regiões que podem ou não obter o documento. “Os planos de manejo devem ter limites geográficos e de empresas como forma de inibir essa atitude que se arrasta na região”, disse Dilceu.
Na mesma reunião, ele acredita que poderá alertar o governador Blairo Maggi (PR), sobre as dificuldades de vários municípios em obter linha de créditos devido à falta de uma política fundiária e urbana para a regularização de títulos urbanos e rurais. “Deveríamos termos feito isso no século passado”, disse o deputado, que ressaltou o interesse dos governos federais, estaduais e municipais para a solução do problema. “Se não tiver sintonia entre os principais governos, não haverá desenvolvimento das regiões mais carentes”, alertou.
Em função disso, Dilceu Dal’Bosco afirmou que, a liberação dos recursos para asfalto, casas populares e outros benefícios ficam prejudicadas. “Os principais bancos fomentadores de recursos têm verbas sobrando, mas só liberam com a documentação regularizada”, afirmou o deputado.