No final da manhã, antes de sair para seus últimos compromissos em Nova Delhi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou à imprensa que não acredita no envolvimento do seu irmão mais velho, Genival Inácio da Silva – o Vavá – com quadrilhas envolvidas na exploração ilegal de jogos de azar. Na manhã de ontem a Operação Xeque-Mate da Polícia federal fez uma busca na casa do irmão do presidente, em São Bernardo do Campo.
“Conheço o meu irmão há 61 anos, sou capaz de duvidar que meu irmão tem algum problema, mas de qualquer forma, se a PF fez a investigação, está feita a investigação e isso vale para qualquer um dos 190 milhões de brasileiros”, afirmou.
O presidente disse que ainda não sabe detalhes do ocorrido, que ainda não falou com Genival e que nem conseguirá falar hoje, pois embarca daqui a pouco para a Alemanha. Ele confirmou, porém, ter conversado sobre o caso com o ministro da Justiça, Tarso Genro, na manhã de hoje. “O Tarso só disse que tinha feito a operação, que tinha investigado a casa do meu irmão e eu acho que isso é normal”, relatou o presidente.
Lula elogiou a atuação da Polícia Federal e pediu serenidade em qualquer investigação. “Eu penso que a polícia federal está cumprindo um papel extraordinário no Brasil. Eu disse, outro dia, que a PF vai continuar investigando todas as pessoas que tiverem uma determinação judicial em função de quebra de sigilo telefônico. Aqueles que serão inocentes vão ser inocentes, aqueles que forem culpados vão ser punidos. A única coisa que nós precisamos garantir é que haja justiça efetivamente, que haja seriedade e que haja apuração”, afirmou. “A única coisa que eu peço publicamente, e já pedi na semana passada, é que a polícia tenha serenidade nas investigações para que a gente não condene inocentes e para que a gente não venha a absolver culpados. A seriedade, para mim, é o que conta nisso”
Indagado por jornalistas sobre qual sua posição como irmão, e não como presidente, respondeu: “Obviamente que como irmão eu tenho um carinho pelo Vavá extraordinário”, disse Lula. “Não acredito que o Vavá tenha qualquer envolvimento com qualquer coisa. Agora, como Presidente da República, tinha uma autorização judicial e o nome dele aparecia. Paciência, todos nós estaremos submetidos às investigações que sejam feitas para apurar qualquer delito cometido no Brasil. É preciso fazer esta distinção correta e esperar que haja apuração. Vamos aguardar”.
Com relação à prisão de Dario Morelli Filho, que seria amigo íntimo da família do presidente, Lula disse que não teve notícias mas confirmou ser padrinho do filho de Dario. “Fui informado que talvez ele estivesse na lista, mas depois não conversei mas com o Tarso. Vou ver amanhã. Se foi preso vai ser investigado, interrogado e depois haverá o veredito”, disse.
O presidente disse que não teme que o episódio possa ser explorado pela oposição. “Não acredito. Toda vez que um estado tem uma polícia investigativa como a Polícia Federal é, uma polícia republicana que não escolhe partido, que não escolhe religião, mas que faz as investigações porque precisam ser feitas. Toda vez que nós temos isso aparece uma certa confusão”, afirmou. “A oposição tem o direito de fazer o que quiser. A mim cabe, como Presidente da República, apenas garantir que haja investigação mais profunda possível em todos os casos, porque é esse o papel da Polícia Federal”, enfatizou o presidente.
Lula aproveitou para pedir a urgente regulamentação dos bingos pelo Congresso Nacional, e disse ser contra o jogo. “Eu mandei uma medida provisória há dois anos para acabar com o bingo. Essa medida provisória foi derrotada no Congresso Nacional, depois não houve uma regulamentação”, lembrou.
“Enquanto não houver uma regulamentação, uma definição, os bingos vão continuar uma parte legal, uma parte clandestina, vai ter a indústria das liminares, se desconfia que há lavagem de dinheiro. Vamos ver se com essa operação agora, Xeque-Mate, a polícia consegue investigar e vamos ver se se regulamenta o bingo, ou proíbe ou não proíbe.Eu sou a favor de não ter bingo”.