A Comissão Parlamentar de Inquérito do Apagão Aéreo, na Câmara dos Deputados, deve convocar o delegado Renato Sayão Dias, da Polícia Federal em Cuiabá, responsável pelo inquérito do acidente com Boieng da Gol e um jato Legacy, em setembro do ano passado, em uma floresta a 200 km de Peixoto de Azevedo, no Nortão Mato-grossense, matando 154 pessoas. O delegado pediu, recentemente, mais 60 dias para concluir o inquérito.
Este acidente, que foi o maior da aviação civil brasileira, é a primeira investigação da CPI, implantada oficialmente ontem, para investigar o caos aéreo.
A comissão havia recebido ontem, no primeiro dia de trabalho, 30 requerimentos para ouvir pessoas ligadas ao setor aéreo ou às investigações do desastre.
A base do governo Lula ficou com os principais cargos da CPI. O presidente é Marcelo Castro (PMDB-PI), e o 1º vice-presidente, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O deputado Marco Maia (PT-RS) foi indicado relator. Os demais integrantes da mesa serão definidos na próxima terça-feira (8), às 11 horas. Há acordo para que o 2º vice-presidente seja da oposição; e o 3º vice-presidente, do PT.
Castro e Maia competiram pelos cargos com a oposição, que acusava o governo de tentar impor uma CPI “chapa-branca”. O autor do requerimento de criação da CPI, deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), e Vic Pires Franco se candidataram à presidência e à 1ª vice-presidência, mas foram derrotados respectivamente por 16 votos a 8 e por 15 votos a 9.
Rumo das investigações
O presidente e o relator garantiram que não vão preservar nenhum parlamentar ou integrante do governo. No entanto, Marcelo Castro se mostrou cauteloso no que se refere a investigações sobre autoridades militares e eventuais irregularidades cometidas na Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).
EIe defendeu que as investigações da Infraero sejam restritas aos problemas que provocaram o “caos aéreo”. “Se, por exemplo, aparecer denúncia de superfaturamento em obras de banheiro, isso não terá relação com a CPI”, afirmou. Ele admitiu a possibilidade de convocar o deputado Carlos Wilson (PT-PE), ex-presidente da Infraero.
O relator adiantou que poderá pedir depoimentos de outros ex-presidentes da estatal: “Temos de saber qual é o papel da Infraero neste processo