Após ensaiar não receber líderes nacionais e locais do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), o presidente da Assembléia Legislativa, Sérgio Ricardo, desistiu da idéia e se comprometeu a verificar os procedimentos que apuram a agressão física e crime contra liberdade de expressão praticada por seguranças e militares da Casa contra o militante do grupo, Gilmar Brunetto, no dia 1º de fevereiro.
Na eleição da nova Mesa Diretora, Brunetto e outros militantes distribuíam jornal do movimento que denunciava irregularidades e corrupção na Assembléia Legislativa. Membros do movimento solicitaram ao presidente do Poder Legislativo que este crime contra a sociedade civil não fique impune, sob pena de restringir cada vez mais a livre manifestação de setores populares.
“Vou pedir audiência com esse delegado (responsável pelo inquérito) para saber o que está acontecendo”, sugeriu Sérgio Ricardo. “Vou pedir audiência para saber em que pé está essa investigação, para que lado está indo”, afirmou a cerca de 20 membros do movimento.
Nos corredores da Assembléia ficou nítida a preocupação de assessores em colocar o deputado na reunião, após ele dizer que não iria receber o movimento porque se reuniria no mesmo horário, início da tarde, com o governador Blairo Maggi.
“Essa coibição da liberdade individual não é contra uma pessoa, é contra toda a sociedade civil organizada. Todo o movimento está sendo ameaçado e estamos nos sentindo amordaçados”, relatou sobre a indignação do MCCE a secretária-executiva nacional da organização, Suylan Midlej.
Para solicitar resultado efetivo na punição dos culpados, representantes da organização estiveram nesta quarta-feira (7/3) com o secretário de Justiça e Segurança Pública, Carlos Brito, e o procurador-geral de Justiça, Paulo Prado. No MP, Prado sugeriu que “a liberdade de pensamento, se for necessário, será garantida com nossa ida às ruas”.
Suylan diz que o próximo passo é levar a agressão sofrida por Brunetto até à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. “Vamos relatar o ocorrido na comissão sobre esse caso muito sério ocorrido em Cuiabá”, lamentou.
Por designação da Ordem dos Advogados do Brasil, o conselheiro federal Ussiel Tavares, representou a instituição nas reuniões e disse estar preocupado com o andamento das investigações no âmbito policial.
“O que a gente não quer é que isso caia no esquecimento. A OAB está junta com as instituições para saber da resposta”, cobrou Ussiel. “Existe comissão de sindicância na Assembléia e queremos que os fatos sejam apurados e se dê resposta à sociedade. Isso lembra a época da repressão”, afirmou.
Além da OAB, participaram das reuniões em Cuiabá para cobrar agilidade e resolução do caso junto a autoridades os representantes do MCCE estadual, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), CUT-MT, PT, Sindicato de Processamento de Dados (Sindpd), Sintep, da Associação Brasileira de ONGs (Abong), da ONG Moral (Moralidade na Política), da Associação Nacional dos Auditores (Auditar), do Sindicato dos Policiais Federais, do Instituto de Fiscalização e Controle, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).