Os americanos desconhecem que as várias regiões da Amazônia têm realidades bastante diferentes, por isso, é fundamental que o debate sobre o futuro da floresta aconteça, também, na capital americana. Essa é a visão do cientista político Diogo Costa, diretor do programa de língua portuguesa do Cato Institute, baseado em Washington, que nesta terça-feira, recebeu o governador Blairo Maggi para discutir o futuro da região amazônica. “A Amazônia não é aquela área homogênea que a maioria dos americanos imagina. A Amazônia deve ser tratada dentro das suas complexidades. A região é muito heterogênea e, por isso, são vários os desafios que surgem ao mesmo tempo”, afirmou Costa.
Falando para um público formado por cientistas, ambientalistas, estudantes e economistas, Maggi apontou quais são os maiores desafios para assegurar o futuro da Amazônia. “Temos que criar mecanismos que remunerem as populações que vivem dentro do bioma da Amazônia. A floresta será salva quando o sujeito que depende dela for retribuído financeiramente por deixar as árvores de pé”, disse.
O governador de Mato Grosso dividiu a apresentação com o ecologista Roger Sedjo, da ONG Resources for the Future (RFF). Para Sedjo, a remuneração por serviços ambientais é também a melhor saída para preservar a floresta. “Concordo plenamente com o governador. Temos que incentivar as boas práticas pagando as pessoas que vivem dentro da Amazônia para manter a floresta intacta”, afirmou.
O ecologista aposta no mercado de crédito de carbono como uma saída para gerar recursos para a região. “Já temos exemplos concretos de que esse mercado pode ser implementado na Amazônia”, complementou.
Para Costa, o Brasil deve mudar a forma como encara a discussão ambiental. “É muito mais importante encontrar soluções inteligentes para o futuro da Amazônia do que insistir nos velhos erros, como, por exemplo, acreditar que é possível proteger uma área apenas por decreto. Isso não resolve os obstáculos do desenvolvimento sustentável. Hoje, no Brasil, ainda tem gente que acredita que ao se criar agências ou secretarias específicas o problema será combatido como um todo. Isso está errado”, aponta Costa.
O cientista político agradeceu a presença de Maggi no Cato. “Os assuntos relacionados ao desenvolvimento sustentável vão ganhar cada vez mais importância nos Estados Unidos. É indispensável que os líderes brasileiros venham para Washington mostrar os verdadeiros problemas da Amazônia. A presença do governador Blairo Maggi nos apresentou não só os problemas e os desafios da Amazônia, mas também quais as políticas que estão sendo utilizadas para enfrentar o desafio”, relata.
Maggi destacou que a agricultura não é o principal vilão da Amazônia, como muitos americanos ainda acreditam. “Temos uma série de pactos com a sociedade civil que impede a venda de grãos produzidos em áreas desmatadas. Não se vende um quilo de soja hoje plantada em área devastada”, afirmou. No entanto, o governador reconhece que o estado precisa aumentar a produtividade da pecuária no estado. “Temos uma cabeça de gado por hectare. Nossa meta é chegar a cinco por hectare. A pecuária precisa ser mais produtiva”. Maggi também deu destaque para o processo de verticalização da economia local. Segundo ele, essa é uma tendência em Mato Grosso. “A verticalização da economia vai trazer ganhos financeiros e ambientais, pois assim poderemos reduzir o transporte de grãos e, conseqüentemente, reduzir as emissões de CO2 também”.
O governador continua em Washington, onde na quinta-feira (04) participará de um evento sobre agricultura e desenvolvimento sustentável em Mato Grosso, no Woodrow Wilson Center. Também participam do evento o presidente da Famato, Rui Prado, e o presidente da Aprosoja, Ricardo Arioli