Lideranças de Tangará da Serra e região começam a se organizar para apresentar propostas e alterar o projeto de zoneamento sócio ambiental e econôimico de Mato Grosso, discutido, semana passada, em audiência pública.
O prefeito reeleito de Brasnorte, Mauro Rui Heisler, destacou que a interferência do zoenamento poderá levar o município a uma estagnação muito grande. “Precisamos continuar produzindo para ter uma receita melhor”. Brasnorte produz 250 mil hectares de lavouras entre milho, soja, girassol e algodão e tem um rebanho bovino de 350 mil cabeças.
O prefeito reeleito de Tangará da Serra, Julio Ladeia, quer critérios para produzir. “Não queremos transgredir a lei, mas queremos que nada seja cerceado. Não podemos dividir o estado em pequenos estados. Estamos numa região muito pobre onde a distribuição de riqueza é muito concentrada. Há necessidade de um desenvolvimento imediato, de forma equilibrada para manter a população em sua região de origem”, reivindicou.
O suplente de deputado e vice-prefeito eleito, Junior Chaveiro (PMN), de Barra do Bugres, defendeu o consenso para o ZSEE. Para ele, Barra do Bugres é a mais prejudicada. O município possui a Aldeia Umutina,os rios Paraguai e Bugres que requerem um trabalho em conjunto para conciliar a produção com a preservação. “Teremos que fazer um trabalho em conjunto com os produtores rurais, a Usina Barralcool e com os índios para que possamos chegar a um encaminhamento que seja bom para todos, inclusive, ao meio ambiente”. Uma das medidas reivindicadas é o uso de inseticida na lavoura de cana-de-açúcar.
O presidente do Sindicato Rural de Barra do Bugres, Rogério Romanini, destacou que o zoneamento proíbe o uso de agrotóxicos nas lavouras próximas das aldeias indígenas. No entanto, em Barra do Bugres são 104 mil hectares no entorno das aldeias , sendo 40 mil hectares de pastagens, 28 mil de lavoura de cana-de-açúcar e mais 34 mil de outras culturas. “Isso vai inviabilizar a região, inclusive, Denise e Nova Olímpia”. Eles defendem a substituição da palavra proibir por monitorar e controlar no projeto de ZSEE, para que “não haja um impacto negativo na economia do estado”, complementou.
Para o secretário Yênes Magalhães (Planejamento), Mato Grosso é um caso único por conter cerrado, pantanal e floresta amazônica e tem a formação das duas bacias hidrográficas a Platina e Amazônica. “O zoneamento vai transformá o estado em exemplo para o mundo na questão da preservação do meio ambiente. Para isso, é preciso conciliar a conservação com a produção sustentável”, defendeu, ao lembrar que no passado houve incentivo da União na ocupação de áreas de preservação, como no entorno dos rios que eram desmatados para conter a malária.
O representante do Programa Nacional do ZSEE do Ministério do Meio Ambiente, composto por 14 ministérios, Bruno Siqueira alertou que caso a proposta seja aprovada com alguma alteração “radical”, como por exemplo, mudanças no Código Florestal, ela terá o mérito julgado por uma oitiva dos ministérios do Meio Ambiente, da Agricultura e do Conselho Nacional do Meio Ambiente. “O zoneamento vai servir de base para que sejam criados leis e programas que permitam a ocupação com uso produtivo sustentável no território mato-grossense”, disse, ao acrescentar que os zoneamentos federal e da Amazônia também estão sendo elaborados.