A ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou seguimento ao recurso extraordinário interposto pelo vereador cuiabano Luiz Marinho (DEM), que tenta proibir o Ministério Público Estadual de continuar investigando as contas da Câmara Municipal através de um inquérito civil.
A decisão da ministra foi proferida no dia 19 e acompanha a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que já havia reformado o acórdão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ/MT) que proibiu o MPE de continuar investigando as contas da Câmara referentes ao período em que Marinho foi presidente do Legislativo (1998/99 e 2003/2004).
Marinho havia recorrido contra a decisão do STJ alegando que o MPE não instaurou o inquérito civil a partir de fato preciso e determinado, como prevê a lei, e por isso queria o trancamento do procedimento do MPE.
“Razão de direito não assiste aos recorrentes (…) A Jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que o Ministério Público tem legitimidade para propor a ação civil pública e instaurar o inquérito civil com a finalidade de proteger o patrimônio público (…) Por isso, o mesmo tem capacidade postulatória”, justifica a ministra.
Ela rejeitou ainda o argumento da defesa de que o acórdão do STJ é nulo por causa da falta de fundamentação. “O Tribunal a quo apreciou as questões suscitadas, fundamentando-as de modo suficiente a demonstrar as razões objetivas do convencimento do julgador”, completa. Como negou o seguimento ao recurso interposto pela defesa de Marinho, a ministra ainda julgou prejudicado o recurso extraordinário também proposto pelo MP.
Recentemente, as investigações na Câmara Municipal levaram a Delegacia Fazendária a indiciar e pedir a prisão da ex-presidente da Casa, atual deputada Chica Nunes (PSDB), apontada como “cabeça” de um esquema que teria desviado mais de R$ 6 milhões dos cofres públicos através de fraudes em notas fiscais e processos licitatório.
A Delegacia Fazendária também deve investigar as contas da Câmara de Cuiabá referentes a outras gestões. O vereador Luiz Marinho, que desistiu de disputar a reeleição neste ano, não foi encontrado ontem para comentar o assunto.