O ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger classificou como positivo o balanço do primeiro dia de visitas a projetos econômicos sustentáveis mato-grossenses, que aliam desenvolvimento com preservação ambiental e geração de emprego e renda. Ele afirmou também que, sem resolver o confuso quadro de insegurança institucional e a morosidade burocrática que emperram a produção na Amazônia, as críticas que têm manchado a imagem dos produtores mato-grossenses são de fato, injustas. A afirmação foi feita a mais de 300 líderes empresariais, autoridades e produtores rurais, reunidos em Sinop (500 Km ao Norte de Cuiabá), na noite desta sexta-feira (25.07).
Depois de ouvir produtores rurais nas reuniões de Sorriso e Sinop e receber documentos reivindicatórios, Mangabeira Unger reafirmou que é preciso agilizar a regularização fundiária, com a titularidade das propriedades e acelerar as licenças ambientais. “É preciso distinguir a Amazônia com floresta da Amazônia sem floresta, que é a região do Cerrado”, com tradição de alta produtividade de grãos. Segundo ele, é preciso quebrar a idéia de que não se pode conciliar desenvolvimento econômico com preservação ambiental.
“O modelo que queremos é o concilia, que seja fruto da convergência de interesses”, destacou. O ministro ressaltou que é preciso compreender ainda, que a agricultura familiar e a agricultura empresarial são modalidades que se integram num mesmo modelo econômico, embora com necessidades imediatas distintas. Mangabeira Unger reconheceu que é preciso reconstruir as instituições e ampliar as oportunidades.
O depoimento mais contundente, o ministro ouviu em Sorriso, quando um produtor rural, acompanhado de seu filho, criticou a morosidade dos órgãos responsáveis pela regularização. “Nós precisamos do Incra, da Sema. O incra, toda semana tem invasão do MST, a Sema demora com o processo, e vai se enrolando dois ou três anos”, desabafou, emendando que depois de ser chamado até de “bandido”, vai aconselhar o filho a não ser mais “lavoureiro” (agricultor).
O governador Blairo Maggi considerou que, quanto mais as pessoas conhecem melhor a realidade mato-grossense, mais compreendem as diferenças entre Mato Grosso e outros estados da Amazônia Legal. Além de defender um tratamento diferenciado para Mato Grosso, o governador opinou sobre os procedimentos de regularização impostos pela nova legislação ambiental.
Em Sinop, após ser recebido pelo prefeito em exercício, Aparecido Granja, o ministro recebeu documentos com reivindicações do setor madeireiro, representado pelo presidente do Sindusmat, Eduardo Gomes e o Sindicato Rural, Antonio Galvan.
“Nós temos o direito de reivindicar um tratamento diferente. Olhe pra essa gente, ministro! Olhando a gente pode ver que a agricultura e a pecuária estão no sangue deles, no próprio gene deles. Gente que vive da terra, dos investimentos para a agricultura, por isso Mato Grosso é um Estado dentro da Amazônia legal que precisa ser tratado diferente”, disse Maggi ao ministro durante a reunião com produtores rurais de Sorriso. O governador acrescentou que os que estavam ali não são extrativistas como outras comunidades da Amazônia.
Numa comparação à recente campanha do desarmamento, Maggi defendeu que a conduta seja a mesma. Segundo o governador, naquela campanha, o cidadão que levava uma arma, legal ou ilegal, de qualquer origem, até a delegacia para entregá-la, não tinha problema nenhum ao sair, não precisava comprovar nada, o produtor rural que busca a sua regularização para se legalizar, de pronto já é multado.
Para ele, isso não estimula a legalidade. Na opinião do governador, regularizar a documentação do produtor e orientá-lo para que siga a nova legislação seria mais correto. Maggi complementa que seria uma forma do próprio Governo se desculpar pela suas falhas, com a morosidade dos seus próprios órgãos em concluir um processo de regularização fundiária ou ambiental.
A comitiva segue na manhã deste sábado para Cotriguaçu. Acompanham a visita do ministro, o vice-governador do Estado,Silval Barbosa, o secretário Industria, Comércio, Minas e Energia, Pedro Nadaf, o secretário de Meio Ambiente Luis Daldegan, de Planejamento e Coordenação Geral, Yênes Magalhães, o presidente da Associação dos Municípios Mato-grossenses, José Aparecido, o Cidinho, e os senadores, Yênes Magalhães, Gilberto Goellner e Serys Slhessarenko.