Líderes do PMDB e do Partido da República realizarão nesta quinta-feira à noite mais uma reunião de trabalho visando “sacramentar” a aliança política em Cuiabá. O encontro será na residência de um empresário e o principal assunto a ser tratado diz respeito a desvinculação da eleição da capital com a de Rondonópolis, considerado até aqui o principal entrave para o fechamento do acordo: republicanos querem “porteira fechada” no entendimento – o que poderia significar a desistência do deputado José Carlos do Pátio em favor de Adilton Sachetti, atual prefeito. “O PMDB não vai cometer um erro igual ao do PP” – avaliou um dos que vão participar da reunião.
No acordo que o PMDB fechou com o PSDB – e que está sendo rompido – firmou-se entendimento de que a sigla tucana retiraria a candidatura do ex-governador Rogério Salles em favor de Pátio. O acordo foi firmado pelo presidente do Diretório Regional do PMDB, deputado Carlos Bezerra. Se depender das altas lideranças republicanas, no entanto, a situação se inverte: o PMDB indicaria o vice em Rondonópolis na chapa encabeçada pelo Sachetti, atual prefeito. Pesquisas mostram que o prefeito, apoiado pelo governador Blairo Maggi, está em segundo lugar nas pesquisas.
A aliança PMDB-PR vinculada revela-se, notadamente, intrincada e tem vários componentes. Por exemplo: dentro do próprio PMDB a participação de Bezerra no processo eleitoral de Rondonópolis é vista com reticência e certa desconfiança. Cria do velho político, o deputado Pátio estaria evitando incorporá-lo na campanha. Fontes apontam que pesquisas qualitativas apontam que seria desgaste. Mesma situação que fez com que o prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, desse de ombros ante a possibilidade do PMDB ser levado para seus opositores. Tucanos crêem numa vitória em Cuiabá e temem os efeitos de uma aliança com Bezerra, numa visão mais ampliada sobre o quadro político sucessório, chegando até 2010.
Peemedebistas vão para a reunião com os republicanos cientes de que as eleições de Cuiabá e de Rondonópolis precisam ser desvinculadas. Do turno do PR, contudo, não se tem como fazer grandes exigência. Até porque o PMDB tem um patrimônio considerável que não pode ser jamais desprezado; aliás, dois: o tempo na propaganda eleitoral de rádio e televisão e a militância política. Articulistas políticos sempre foram pródigos em apontar grandes impactos se os peemedebistas “entrarem” de corpo e alma na campanha. Neste momento, os peemedebistas se mostram ressentidos pelo tratamento do prefeito Santos para com a sigla, da qual já foi militante.
Antes de se reunir com o PMDB, os republicanos se reúnem com o PT e deverão fechar entendimentos para indicação do candidato a vice. Deve ficar na vaga o arquiteto José Afonso Portocarrero, que venceu as prévias internas da sigla. Isso significa que o acordo PR-PMDB deverá se restringir a participação na administração municipal.
A aliança PR-PMDB não chega a ser, no entanto, um “bicho de sete cabeças”. No começo do ano, o governador Blairo Maggi chegou a oferecer a Secretaria de Turismo para indicação do partido. O nome mais cotado para o cargo foi da ex-deputada Tetê Bezerra. No entanto, o acordo acabou não se concretizando exatamente por causa das reações do grupo de Rondonópolis, que vinham na ocasião uma manobra do governador para esvaziar a pré-candidatura de José Carlos do Pátio.