O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargador Paulo Inácio Dias Lessa, encaminhará ofício à Procuradoria-Geral do Ministério Público Estadual para dar conhecimento e solicitar providências cabíveis referente ao equívoco praticado por membros do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), na abordagem do juiz de Direito Sebastião Barbosa Farias, ocorrido em Cuiabá. O pedido de providências foi feito pelo juiz que reclamou ter sido vítima de violência moral em sua própria residência.
De acordo com o juiz Sebastião Barbosa, por volta das seis da manhã da última quinta-feira (24 de abril), um tenente da polícia militar, acompanhado de um soldado, chegaram à portaria do prédio onde reside, com um mandado de prisão, à procura de um possível indiciado que moraria naquela unidade residencial e que faria parte de um grupo de empresários ligados ao ramo de combustíveis. O porteiro informou-lhes que deveria haver um engano, pois as informações não conferiam, já que o verdadeiro morador da unidade apontada era um juiz de Direito. No mandado constava o endereço, porém o nome e a foto do acusado eram outros. Conforme o juiz Sebastião Barbosa, foi informado aos policiais que ele desceria para atendê-los pessoalmente, mas, ao invés disso, subiram ao apartamento à revelia do porteiro.
No interior do apartamento do magistrado, acompanhado de sua esposa, ele explicou aos policiais ser o primeiro morador daquele imóvel, restando impossível ter havido outro. Apesar de verificar que a foto não conferia com a figura do juiz, o tenente insistiu, solicitando documentos pessoais do magistrado para elaborar uma certidão.
Diante dessa situação, considerada constrangedora pelo juiz, ele encaminhou pedido formal ao presidente do Tribunal de Justiça por providências institucionais para esclarecer a atuação dos referidos policiais que exibiam em suas camisetas as inscrições do Gaeco, ligado ao Ministério Público Estadual.
Esta não é primeira vez que equívocos desta natureza alcançam membros da magistratura. Em Setembro de 2005, na Operação Quimera, o então desembargador aposentado José Vidal (falecido em dezembro de 2006), teve o edifício onde morava invadido por cinco policiais militares do Gaeco, fortemente armados, que entraram no apartamento à procura de um acusado que, na realidade, era um homônimo do desembargador.