A possibilidade de aumento da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) foi debatida durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Holanda e à República Tcheca. Após dizer que uma eventual variação dos juros não traria nenhum “transtorno” para a economia, Lula negou que isso significasse um aval para a elevação da taxa.
Questionado em Haia sobre os impactos que o aumento da inflação poderia ter sobre os juros, Lula disse que não “dá palpite” sobre o assunto porque isso é responsabilidade exclusiva do Copom, que se reúne na próxima semana. Em seguida, disse que, independentemente da decisão, a economia do país vai seguir firme.
“Os juros irão aumentar quando for necessário aumentar e irão cair quando for necessário cair. Tenho dito ao ministro Meirelles [Henrique Meirelles, presidente do Banco Central] e ao ministro Guido Mantega [Fazenda] que é preciso que a gente não permita que volte a tensão toda vez que o Copom vai se reunir. Essa fase já passou, a economia está tranqüila”, disse Lula.
O presidente afirmou ainda: “Embora seja presidente da República, que indica o presidente do Banco Central, eu acho que é importante a gente garantir que o que deu certo até agora continue dando certo. Ou seja, não será a redução de 0,25 [ponto percentual nos juros], a manutenção de 11,25% nem o aumento de 0,25 que trará qualquer transtorno à economia brasileira”, disse.
Questionado, em Praga se o depoimento do dia anterior significava apoio à alta dos juros, Lula respondeu: “Quem estiver achando [isso], está louco”.
Na última segunda-feira, o boletim Focus, que traz previsões de analistas do mercado financeiro, sinalizou a possibilidade de aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros.