Enquanto o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), acompanhava hoje a divulgação do balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), no Salão Leste do Palácio do Planalto, o colega José Múcio (Relações Institucionais) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), discutiam, por telefone, disputa de cargos no setor elétrico entre peemedebistas e petistas.
No centro da disputa estão as presidências da Eletrobrás, da Eletrosul e da Eletronorte, além da Diretoria Internacional da Petrobras –estatais com volumosos recursos para investimentos.
O ministro José Múcio disse que as demandas por cargos serão atendidas nos Estados antes das nomeações no alto escalão do governo. Contudo, a disputa travada entre PT e PMDB já foi deflagrada. A preocupação do governo é que briga não “saia do controle”, como admitiu Múcio.
“Não se pode deixar que [a disputa] fuja do controle. Nesses casos, a preocupação é atender o maior número de pessoas e deixar de atender o menor número”, disse o ministro. “A gente tem que conversar para ver caso a caso. Primeiro vamos ver quem vai sair. E só então fazer a substituição.”
O ministro negou o temor de que a disputa acabe chegando ao Congresso, onde o PMDB possui as maiores bancadas e é o fiel da balança nas votações. “Todos os partidos desejam cargos. É evidente que, por ser o maior partido da coalizão, a demanda do PMDB é maior”, afirmou Múcio.
Por mais que Múcio negue, a cúpula do PMDB intensificou a cobrança pelas nomeações de cargos-chave no setor elétrico. Os peemedebistas correm contra o tempo para garantir o espaço do partido no setor e evitar que o PT –sob orientação da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil)– nomeie seus indicados.
A campanha do PMDB está sendo liderada pelo ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), que atua em parceria com o presidente nacional da legenda, Michel Temer (SP). Nas conversas com o Planalto, Geddel reitera os nomes do partido.
O comando do PMDB espera para sexta-feira a confirmação do nome de Jorge Luiz Zelada para a Diretoria Internacional da Petrobras. O cargo é ocupado hoje por Nestor Ceveró.
A expectativa é que nos próximos dias Valter Cardeal –que tem o apoio de Dilma– deixe a presidência-interina da Eletrobrás para ceder espaço para o PMDB.
Também interino na presidência da Eletrosul, o diretor técnico Ronaldo dos Santos Custódio pode ter que ceder seu lugar. O cargo é cobiçado pela líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC) –que pretende indicar Jorge Boeira — e pelo PMDB –que indicaria o ex-governador Paulo Afonso.
O deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) quer colocar na presidência da Eletronorte o diretor do Detran do Pará, Lívio de Assis. Ele substituiria Carlos Nascimento –alinhado com Dilma.
O PMDB também atua para facilitar uma eventual nomeação de Nelson Hubner, ex-ministro interino de Minas e Energia, para um dos cargos de comando da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A chance deverá ocorrer em agosto.