O presidente do Conselho Estadual de Medicina de Mato Grosso (CRM) Arlan Ferreira, detalhou hoje, para a CPI da Saúde na Assembleia os principais problemas sa saúde pública no Estado contidos em relatório de vistorias realizadas em 2008, este ano. O principal deles é que somente dois hospitais na capital e nenhum do interior têm o alvará da vigilância sanitária. "Somente o Hospital Geral Universitário e outro da rede pública tem o alvará em Cuiabá, revelou. A maioria das unidades trabalha mediante assinatura de um termo de ajustamento de conduta. A precarização do trabalho também é gritante, segundo Arlan, porque 56% do pessoal é prestador de serviço. A região de fronteira sofre um agravante, médicos formados na Bolívia e sem a revalidação do diploma no Brasil são contratados. O mais grave, segundo ele, é a existência na própria rede pública de duas tabelas de pagamento desses profissionais. " Há um preço para os formados e um para os não formados", disse o presidente do CRM in formando ainda que 80% dos formados no país vizinho e que tentam revalidar o diploma no Brasil não obtém sucesso.
Ele elencou ainda, falta de sala de recuperação pós-anestésico, de carinho de reanimação, a cobertura é precária, com apenas 32% de cobertura, falta de núcleos de apoio de Saúde da Família, desarticulação entre os níveis de atenção- baixo, média e alta complexidade -, gestões não personalizas com fisiologismos políticos e tabelas diferenciadas de pagamento. "Tudo isso demonstra que nossas cidades precisam de estrutura física e humana para manter o atendimento", concluiu. Questionado sobre se o CRM não é conivente com a situação de caos instalada em Mato Grosso, Arlan respondeu que o trabalho do conselho é chamar o Ministério Público.
O presidente da CPI, Sérgio Ricardo (PR) reafirmou que estamos vivenciando um estado de caos na saúde do estado. "Vivemos um caos na saúde. Talvez as palavras sejam fortes, mas me baseio nos dados mostrados e nas visitas que já fizemos às unidades de saúde", disse Sérgio Ricardo. Ele citou que hoje teve informações que 700 pessoas aguardam na fila do transplante renal e 300 na de córneas tudo porque o convênio com o Ministério da Saúde deixou de ser renovado em razão da falta de alvará de funcionamento dos hospitais mato-grossenses. " Isso é caos de gestão, em minha opinião, é básico o hospital ter esse alvará.
Tanto entre os membros da CPI, como da parte do Conselho Regional de Medicina o consenso é de que é necessária a ampliação dos recursos do SUS, uma nova política de gestão e atenção especial a atenção para básica para evitar que o cidadão chegue a necessitar de atendimentos de média e alta complexidade. Ainda, que é necessária a construção de um hospital regional na capital para responder pela demanda que superlota os Pronto Socorros Municipais de Cuiabá e Várzea Grande.
O presidente da CPI também anunciou que na próxima quarta (09) a CPI visitará o Hospital Metropolitano de Várzea Grande. Na quinta-feira convocará para prestar esclarecimentos, a presidente do Sindicato dos Servidores Em Meio Ambiente e Saúde, Jacira de Jesus Campos Figueiredo.A CPI também vai buscar informações sobre como, quem e de que forma estão sendo pagos os médicos que atuam em nosso estado sem diploma brasileiro.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa foi criada em 04 de novembro, trabalha para traçar um diagnóstico da saúde em Mato Grosso e tem como meta apontar soluções para a melhoria dos serviços de saúde pública na capital e interior.