O ex-vereador Ralf Leite (PRTB) falou pela primeira vez sobre os cinco dias em que ficou preso no anexo 1 da Penitenciária Central do Estado, a Polinter. Ele foi preso sob acusação de agredir a ex-namorada Cristina Biezus Gentil. Durante entrevista coletiva, ele alegou ser vítima de perseguição de adversários e disse estar pagando pelos pecados de todos os políticos.
Ralf concedeu a coletiva ontem acompanhado pelo pai, coronel da reserva da Polícia Militar Edson Leite, e pela advogada Débora Simone Rocha. Ele criticou a Câmara por ter sido cassado em 6 de agosto por falta de decoro e também questionou a prisão preventiva decretada pela juíza Adriana Sant"ana Conigham sob alegação de que poderia agredir novamente a ex.
"Essa prisão foi um absurdo porque não descumpri nenhuma medida protetiva determinada pela juíza e fui preso como um bandido que quer fugir da justiça, sendo que tenho residência fixa há mais de dois anos", afirmou Ralf. O ex-vereador foi preso na sexta-feira da semana passada, dia 23, quando deixava o Fórum de Cuiabá, onde passou a tarde inteira acompanhando depoimento de testemunhas do processo de compra de votos que responde com mais cinco pessoas.
O processo movido por Cristina corre em segredo de Justiça, mas a juíza da 2ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar de Cuiabá já determinou a realização de uma audiência para ajudar no julgamento do caso.
Depois da falar da prisão, Ralf voltou a criticar os vereadores que decretaram a perda de mandato por falta de decoro depois de ter sido preso com um travesti menor de idade. Ele conclamou os demais parlamentares a mostrar serviço.
Diz que só depois de cassado a Câmara começou a seguir a lei no processo contra Lutero Ponce (PMDB), investigado por envolvimento com fraude em licitações que teriam movimentado R$ 7,5 milhões em 2007 e 2008. "Fizeram um rabisco comigo e agora estão passando a limpo. Tanto é que estão cheios de cuidado no processo do ex-presidente da Câmara. A diferença é que eles me cassaram na tentativa de dar uma resposta à cobrança da sociedade, o que ainda não foi feito. Parece até que estou pagando pelos pecados de todos".
Ralf, que afirma confiar na retomada do cargo, considerou ainda que não seria cassado se não tivesse sido acusado de agredir a ex-namorada. Avalia que isso configura a cassação política. "Eles me julgaram por uma coisa, que é o caso do menor de idade, e cassaram por outra", completou.