A comissão processante que investiga Lutero Ponce (PMDB) por causa da acusação de envolvimento com fraudes em licitações deverá ouvir nos próximos dias o atual presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, Deucimar Silva (PP), e o ex-vereador Luiz Poção (PP). Eles teriam de alguma forma ligação direta com as denúncias.
A oitiva de Deucimar e Poção vem sendo cogitada pelos membros da comissão processante porque o atual presidente é acusado por Lutero de ter supostamente direcionado a auditoria que apontou um rombo de R$ 3 milhões nas contas da Câmara de 2008. A descoberta acabou levando a Delegacia Fazendária a investigar as fraudes em licitação.
Já Poção foi primeiro-secretário na gestão de Lutero como presidente da Câmara nos anos de 2007 e 2008. A função garantiu ao ex-vereador a responsabilidade de assinar todos os cheques e compras do Legislativo. Assim como Deucimar, Poção também foi ouvido pela Delegacia Fazendária durante o inquérito da operação Crepúsculo, que resultou no indiciamento de 17 pessoas por fraudes em licitações que teriam movimentado R$ 7,5 milhões.
Questionado sobre a convocação de Deucimar e Poção para depor o presidente da comissão processante, Francisco Vuolo (PR), admitiu apenas que todas as pessoas que tiveram ligação direta com a denúncia de alguma forma e foram ouvidas pela Delegacia Fazendária deverão ser convocadas também.
A comissão deve ouvir também nos próximos dias representantes da Delegacia Fazendária para ter mais informações sobre o caso. Deve ser convidada a delegada titular Lusia de Fátima Machado ou Maria Alice Amorim, uma das delegadas mais atuantes no caso. Lutero chegou a acusar no seu depoimento no dia 21 a delegada alegando que Lusia teria coagido empresários a denunciá-lo. A delegada classificou como caluniosa e irresponsável a estratégia de defesa. Disse ainda que todas as pessoas ouvidas pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco Silva não apontaram nenhum irregularidade no inquérito policial.
A comissão processante planeja ouvir todas as testemunhas e apresentar um relatório para votação em plenário até o dia 17 de novembro. Lutero pode ser o segundo parlamentar cassado em Cuiabá. O primeiro foi Ralf Leite (PRTB), que perdeu o mandato por falta de decoro.