Lideranças políticos e do agronegócio de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul vão iniciar, no próximo dia 6, em Cuiabá, uma mobilização para pressionar o governo federal a mudar o zoneamento da cana-de-açúcar, que restringiu o plantio em algumas regiões, nos dois Estados. O presidente da Assembleia, José Riva (PP), está articulando a audiência criticou o governo pelas limitações no plantio. "Imaginar que Mato Grosso vai derrubar floresta para plantar cana, é no mínimo ridículo", frisou o parlamentar. Ele classifica a situação de preocupante e chama a atenção para a soma de esforços na viabilização de ações que possibilitem fomento ao desenvolvimento, como a descoberta do pré-sal, que surge como uma esperança para os municípios brasileiros. No entanto, alerta que a "questão da cana-de-açúcar é um balde de água fria para todos os mato-grossenses. E audiência pública vai fazer com que possamos subsidiar essa questão", acrescentou.
O projeto de lei relativo ao ZAE Cana proíbe o plantio da cultura em 81,5% do território brasileiro, incluindo Amazônia, Pantanal e a região do Alto Rio Paraguai. Em relação à queima da cana, o projeto não permite a medida em áreas acima de 150 hectares, onde a colheita pode ser mecânica. Haverá um cronograma de transição, até 2017, para adotar o sistema.
Riva ainda questionou o presidente Lula, que determina as mudanças por meio de decreto, mas tem o cuidado de fazer as proibições através de projetos de leis, dificultando qualquer manifestação. Para ele, essa é uma grande oportunidade do Congresso Nacional mostrar que não é uma casa subserviente. "Precisamos ter na cana-de-açúcar uma fonte de geração de emprego e renda", afirmou.
O alerta de Riva também foi direcionado à preocupação do surgimento de novas imposições, como a discussão do zoneamento da pecuária. Para fomentar o setor de maneira sustentável, ele tem defendido a implantação do Sistema Voisin, modelo ultraintensivo de rotação de pastagens, em piquetes de área bastante reduzida (1ha), que servem de pastagem, sucessivamente, para o gado, durante períodos bastante curtos, de um dia ou menos. "Temos que mudar os rumos da pecuária. E se o Governo federal baixar um decreto para normatizar esse setor e também o da agricultura, questionou, ao ressaltar que caso isso aconteça, o estado que pode ser o celeiro produtivo do mundo, ficará praticamente inviabilizado. Segundo o deputado, é necessário que se preocupem também com o aumento da produção de alimento para atender a demanda mundial.
Para Riva, o Governo federal muda o discurso e deixa de se preocupar com outros setores importantes. "Toda a atenção está voltada para a Amazônia. Isso é para tirar a atenção dos problemas dos grandes centros, como por exemplo do Rio Tiête, que agoniza. É preciso investir na produção de Mato Grosso ou teremos um impacto negativo na nossa economia".