O diretor-presidente do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), Luiz Antônio Pagot, vem sendo estimulado por grupos internos do Partido da República a desarquivar o projeto de candidatura ao Governo de Mato Grosso em 2010. E há, inclusive, um prazo fatal: 2 de outubro. Até lá, Pagot deverá se reunir com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousself, virtual candidata do Partido dos Trabalhadores a presidente da República, para discutir a questão. “Se quiser, ele será o candidato do PR” – disse um dos articuladores do projeto, ao revelar que o próprio governador já deu “sinal verde” a proposta. O encontro com a ministra discutir o que é mais viável.
Pagot e seu grupo nunca esconderam que resistem ao projeto do governador Blairo Maggi, que é de apoiar o vice-governador Silval Barbosa ao Governo do Estado. Por mais maleável e diplomático que seja, Silval não conseguiu decolar politicamente e ainda enfrenta problemas para cair no gosto popular, segundo a avaliação dos republicanos. Dentro do PMDB, partido do vice-governador, há também resistências, como do prefeito de Rondonópolis, José Carlos do Pátio, considerado liderança emergente.
No caso interno, em verdade, Pátio quer levar o PMDB a apoiar o nome de Wilson Santos, do PSDB, ao Governo. Por razão óbvia: na campanha eleitoral a prefeito, Santos deixou Cuiabá para subir no palanque do peemedebista em Rondonópolis, a quem pediu votos. Como vice-governador, aliado do governador Blairo Maggi, Barbosa ficou na “sinuca de bico”, já que o candidato do Governo contra Pátio era ninguém mais ninguém menos que Adilson Sachetti, que disputava a reeleição. O prefeito eleito, assim, quer confirmar ao acordo firmado naquele período de busca aos votos.
Nas últimas semanas, o vice-governador passou a atuar de forma mais agressiva, entrando nos partidos e tomando posições. Segunda-feira, em Rondonópolis, depois de se encontrar com o “colega” Pátio, Silval foi a reunião do Diretório do PR para se colocar como candidato do grupo. Enfático e ousado, apontou quem gostaria de ter como adversário ao Governo: Wilson Santos. Silval falou a linguagem dos republicanos do Sul, que fazem oposição ao prefeito Pátio, mas como peemedebista, ainda tem votos de desconfiança. Hoje, em verdade, Rondonópolis representa o grande entrave político de Silval Barbosa e que está a exigir engenharia política de alta sofisticação.
Luiz Pagot, depois que anunciou que arquivaria o projeto de sua candidatura ao Governo – quando acabou enfrentando resistência nas intenções de votos – passou a capitanear um projeto interno dentro do PR, qual seja, de construir uma candidatura. Já com a leitura sobre o candidato apoiado pelo governador, o diretor-presidente do DNIT assediou o juiz Julier Sebastião da Silva para o cargo, notabilizado pelas polêmicas decisões com fortes repercussões políticas – como a questão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), quando mandou prender 11 entre altos funcionários das prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande e empreiteiros. Até aqui, porém, pelo visto, Julier Sebastião, em que pese os apelos, parece ainda não ter tomado uma decisão.
Outro aspecto que confirma as expectativas de que Pagot estaria desarquivando o projeto da candidatura ao Governo se deu no movimento mais brusco do senador Jayme Campos (DEM), de quem o economista era suplente. Ao perceber a movimentação, Campos ingressou com um pedido de licença por 130 dias do Senado. Na saia justa, Pagot foi obrigado a renunciar a vaga de suplente para continuar no DNIT.