quinta-feira, 19/setembro/2024
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Jayme rebate Blairo e diz que PR está se afogando em copo d" água

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"Nunca joguei bola nas costas de ninguém". Assim o senador Jayme Campos (DEM) resume o seu jeito de fazer política há quase 30 anos. Segundo ele, isso vale tanto para a relação com correligionários, partidos aliados e adversários, como também no cumprimento de promessas feitas nas campanhas eleitorais.

Envolvido no polêmico afastamento do Senado que acabou levando o primeiro suplente Luiz Antônio Pagot (PR) a renunciar à condição para continuar no comando do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Jayme comenta a relação com os republicanos e principalmente com o governador Blairo Maggi. Diz que são os antigos aliados que estão equivocados e Maggi teria mudado desde que se uniram.

Pré-candidato a governador, Jayme também comenta os principais projetos que apresentou no Congresso Nacional, as divergências com os deputados democratas, entre outros assuntos.

A Gazeta – O sr. vai ser candidato a governador no ano que vem?

Jayme Campos – Eu não posso ser candidato de mim mesmo, mas o nosso partido gostaria de ter um candidato e tem estrutura para isso. Temos diretórios em todas as cidades de Mato Grosso, 24 prefeitos, 21 vice-prefeitos, 180 vereadores e dois senadores. É um partido que busca primeiramente uma discussão ampla com as bases para buscar um ambiente favorável à candidatura e um amplo arco de alianças. Eu sou favorável à tese que o DEM deve ter candidato próprio, mas isso não significa necessariamente que seja eu o candidato. Temos bons nomes para nos representar.

Gazeta – Quais nomes seriam esses?

Jayme – Temos o senador Gilberto Goellner, o prefeito Roland Trentini, deputados estaduais como Dilceu Dal"Bosco, José Domingos e outros nomes preparados para representar o partido.

Gazeta – Foi essa possibilidade de ser candidato que motivou seu afastamento do Senado?

Jayme – Não. Tenho dito isso por onde passo e reitero aqui que minha licença foi para tratamento de interesses particulares porque estou fazendo tratamento dentário. Lógico que, no tempo que me restar, vou me dedicar ao fortalecimento do partido através dos encontros e seminários regionais para saber o que a população espera do próximo governo. Mas não há nenhuma motivação especial para o afastamento por conta de uma candidatura. Sempre disse isso, assim como disse que não há nenhum gasto para o Senado porque não vou ser remunerado nesse período.

Gazeta – Mas por que o PR reagiu de forma tão dura? Isso é uma crise na relação entre os dois partidos?

Jayme – Não. Vejo que o PR está se afogando num copo de água na medida em que jogamos abertamente com o dr. Pagot, pois lhe comunicamos com antecedência sobre o afastamento. E quando ele assumiu a primeira suplência ele também sabia que poderia assumir o cargo a qualquer momento. Isso é constitucional no caso da vacância do cargo. Portanto, acho que eles estão se atrapalhando porque não houve nenhuma jogada política. Vejo como uma matéria superada e sem nenhum problema. Evidentemente que o dr. Pagot, por seus motivos, preferiu continuar no Dnit. Ele sabe que, quando o comuniquei com antecedência sobre o afastamento, falei que seria uma licença por 121 dias porque isso é regimental e constitucional.

Gazeta – Mas a reação do governador Blairo Maggi também foi dura.

Jayme – Acredito que ele está equivocado, pois disse que eu e o senador Gilberto Goellner estamos apenas preocupados com os interesses partidários e não do Estado. Ele faltou com a verdade, pois temos defendido todos os dias os interesses de Mato Grosso. Talvez ele que mudou de opinião, de lado, pois quando ele me procurou duas vezes no Senado foi para tratar de assuntos como a CPMF que ele me pediu para votar a favor da cobrança e eu preferi ficar ao lado do povo brasileiro. Sou contra mais impostos. Defendo a redução da carga tributária. Então, ele mudou de lado e está equivocado. Eu sim votei contra a CPMF, assim como o saudoso senador Jonas Pinheiro.

Gazeta – Qual foi a outra vez que ele lhe procurou no Senado?

Jayme – Foi para pedir empenho para que pudesse aprovar o nome do Pagot na Comissão de Infraestrutura e no plenário do Senado para que o Dnit. Fui relator da matéria e apresentei relatório em 48 horas. Fui para o plenário e exigi da bancada do Democratas apoio. Na época, foram 17 senadores que ajudaram a aprovar. Falei que fazia questão absoluta do apoio porque era meu suplente e representava Mato Grosso na ocasião. E eles votaram. Tanto é verdade que, dos 42 votos que ele teve, um a mais que o necessário, 17 foram do DEM. O Blairo não tem o que reclamar. Sempre fui leal e nunca joguei bola nas costas de ninguém. Comuniquei o Pagot com 15 dias de antecedência, mas se ele preferiu ficar no Dnit é uma decisão de caráter pessoal que eu só tenho que respeitar.

Gazeta – Já que o sr. ajudou tanto, não faltou reconhecimento?

Jayme – Estou convencido de que o PR contou com apoio importante do DEM duas vezes, mas eles têm ponderado que também ajudaram a eleger o Jonas e Jaime. Mas a recíproca foi verdadeira. Talvez eles não tenham dado o devido valor que o Democratas mereça, mas isso não vem ao caso e não estou muito preocupado. O que queremos é o reconhecimento do povo de Mato Grosso. Questão partidária eu não tenho nada a ver com o PR. Se eles estão satisfeitos ou não é uma questão deles.

Gazeta – O DEM hoje está mais próximo ao PSDB ou ao PR em Mato Grosso?

Jayme – Ninguém pode desconhecer que estamos há algum tempo coligados com o PSDB em nível nacional. Por duas ou três eleições estivemos juntos, o que faz ser um caminho natural esse. Todavia, nós temos aqui bom trânsito com todos os partidos, como PP, PPS, PTB parte do PMDB e PR, até PT e tantos outros. Vamos conversar com todos, mas vamos definir isso no momento certo. Há uma tendência natural de aliança com o PSDB, mas isso não descarta nenhuma possibilidade desde que eles apoiem nossa candidatura.

Gazeta – Mas a bancada do DEM segue caminho oposto e demonstra interesse em continuar aliada ao PR.

Jayme – Isso não é caminho oposto. É uma posição pessoal de cada um e nós temos respeitado. A bancada tem dado apoio sim e ninguém aqui é contra. Entretanto, isso não representa nenhum vínculo para 2010. Não seria a bancada em nível estadual que tomaria uma decisão, até porque já temos 25 candidatos a deputado. Não temos nenhuma obrigação de apoiar o PR. O apoio dos deputados é uma orientação de acordo com os interesses de cada projeto.

Gazeta – Mas isso não atrapalha um eventual discurso de oposição? O povo entenderia uma mudança de lado na véspera da eleição?

Jayme – Faremos oposição crítica quando for necessário. Não tem aqui nenhum insano em fazer oposição por fazer oposição. Se eventualmente tiver fato que permita oposição, isso é o mínimo que o partido vai fazer porque é saudável para o regime democrático e não tem nenhuma relação com a bancada.

Gazeta – E o deputado Wallace? Se ele deixar o partido o DEM vai requerer a vaga na Assembleia Legislativa com base na resolução que trata da infidelidade partidária?

Jayme – Ele pediu para deixar o partido e nós, na medida que temos respeito por ele, autorizamos e avisamos que não vamos pedir a vaga na Justiça. Seria incoerente amanhã ou depois pedirmos essa vaga, mas isso não impede que o Ministério Público ou algum suplente faça isso.

Gazeta – Qual sua avaliação sobre o governo Blairo Maggi?

Jayme – Diante das limitações, acredito que ele está fazendo o possível. Evidentemente que nenhum governo tem 100% de aprovação. Ele tem se esforçado, mas tem deficiências na área de saúde, segurança pública e outras política sociais.

Gazeta – Qual sua opinião sobre a possível candidatura de pessoas que não militam na política, como é o caso do juiz Julier Sebastião da Silva e do procurador da República Pedro Taques?

Jayme – Acho interessante do ponto-de-vista político, pois as pessoas têm que participar até para saber como é ocupar um cargo público. Muitas pessoas criticam sem saber como é o nosso dia-a-dia. Mas acho saudável as pessoas participarem até para poder contribuir. Quanto mais oxigenação é melhor.

Gazeta – Para finalizar, o sr. pode citar os três principais projetos que marcaram a sua atuação no Senado.

Jayme – São vários. Dentre eles, a federalização de várias rodovias estaduais. Fui autor do projeto para criação da UFMT em Sinop e Barra do Garças. Fui autor da proposta para criação de quatro Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) em Alta Floresta, Sinop, Barra do Garças, Várzea Grande e Cuiabá. Propus também a criação de uma brigada nacional de combate a incêndio e outros que poderia passar horas aqui falando.

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