O inquérito revela ainda um fato que poucas pessoas tiveram conhecimento: o atual presidente Deucimar Silva (PP) também foi ouvido em depoimento no dia 15 do mês passado durante as investigações da Delegacia Fazendária. Deucimar não foi investigado em nenhum momento por envolvimento nas fraudes. Foi questionado sobre a auditoria que contratou e apontou um rombo de R$ 3 milhões nas contas da Câmara somente em 2008 através de licitações fraudulentas, simulação de aquisição e compras suspeitas, como 6 milhões de copos descartáveis e R$ 15,7 mil em suco concentrado.
Deucimar também negou aos delegados fazendários ter qualquer motivação política ou pessoal para apontar o rombo milionário em 2008. Diz que apenas cumpriu a promessa da campanha na qual se consagrou presidente do Legislativo e quando prometeu implantar transparência na gestão de recursos públicos nunca vista na Casa.
Lutero Ponce – Ao ser ouvido pelos delegados fazendários no último dia 9, o ex-presidente da Câmara disse confiar nos servidores públicos nomeados em cargos de indicação política e que foram indiciados por vários crimes. Declarou ainda “desconhecer absolutamente” a declaração de entrega de obra da empresa F.A.D. Nascimento que foi apreendida na sua residência. Com valor de R$ 28,9 mil, o documento não está preenchido completamente e nem contém assinatura do representante da empresa. Ao ser questionado sobre isso, o vereador do PMDB disse ainda não saber o motivo da declaração ter o seu nome.
O inquérito da Delegacia Fazendária fará com que a promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco denuncie os envolvidos. Essa tendência ficou mais evidente depois que ela referendou praticamente todas as diligências promovidas pelos delegados fazendários Maria Alice Amorim, Wylton Massao e Rogério Modelli. Paralelamente à ação penal, o MP deve propor ação civil por ato de improbidade administrativa contra os envolvidos objetivando a devolução de dinheiro desviado.