Depois de renunciar ao cargo de secretária geral do PSDB e ter colocado sua decisão como “irrevogável”, a deputada federal Thelma de Oliveira voltou atrás e permanece no cargo que ocupava dentro da sigla. A decisão foi informada agora a pouco, após uma reunião entre a cúpula do tucanato com a deputada, que se prolongou durante toda a tarde de hoje (30). O tucanato tenta sustentar a tese de que Thelma havia abandonado a secretaria geral por não aceitar a criação das novas secretarias que o prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, está criando na administração municipal. “Ela (Thelma) é muito ideológica, não aceitava a criação das secretarias, porque traria mais gastos”, afirmou um tucano.
Mas a realidade é bem outra. Thelma não aceitou é ter sido alijada do “acordão” tramado pelo galinho Wilson Santos. Esse grande “negócio” junta importantes forças da política mato-grossense, como o presidente eleito da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, o deputado estadual José Geraldo Riva (PP), o peemedebista Carlos Bezerra e até o senador democrata Jayme Campos. O objetivo: todos apoiando a candidatura de Santos rumo ao governo do estado em 2010. Mais a frente, com uma possível unificação das eleições, o galinho passaria a apoiar Campos em 2015, como candidato ao Palácio Alencastro.
Wilson teve que “abandonar” a reunião pouco antes do término, pois precisava votar na eleição da presidência da Associação mato-grossense dos Municípios (AMM), mas o seu papel já havia sido cumprido na missão de convencer a viúva do ex-governador Dante de Oliveira a revogar sua decisão. O prefeito de Cuiabá disse a Thelma que a criação de cinco novas secretarias não acarretaria em mais gastos e que tinha sido implementada com o único intuito de “alcançar” as bandeiras sociais do partido. Thelma saiu da reunião “doutrinada”. Se o entrave dentro do tucanato fosse realmente esse, a deputada saiu satisfeita com os argumentos do prefeito.
“Reassumo a secretaria geral. Havia divergências quanto a criação das secretarias, pois a minha preocupação era com o aumento dos gastos e com a austeridade fiscal”, explicou Thelma logo ao final da reunião. A secretária geral afirmou que atendeu aos apelos do prefeito Wilson Santos, acreditou nas explicações e que sua decisão de renunciar não foi um exagero. “Atendi aos apelos do prefeito de Cuiabá e dos meus companheiros de partido. Nós vamos continuar na secretaria geral”, reafirmou Thelma.
A deputada federal negou que sua renúncia tenha sido pautada pela não indicação de pessoas próximas a ela dentro do “novo” staff de Santos. “nunca discutimos cargos, minha preocupação, como já frisei, era com o aumento de gastos, mas estou convencida de que a criação das secretarias vem a buscar atender nossas bandeiras sociais, como a igualdade racial e a defesa da mulher”, ressaltou.
A viúva de Dante deu um “puxão de orelha” em Santos e garantiu que se o prefeito tivesse antecipado essa reunião para antes do anúncio do seu secretariado, nada teria acontecido. “Se o Wilson tivesse conversado com o partido nada teria ocorrido”, alfinetou. O discurso tucano não “pega”. Wilson precisou acomodar nada menos que treze legendas em seu novo secretariado, além de amigos e familiares. A criação das novas secretarias foi justamente para fazer essa “acomodação” política.