O Senado entregou nesta terça-feira (21), em sessão especial, a Comenda de Direitos Humanos Dom Helder a quatro personalidades: o bispo católico dom Pedro Casaldáliga, o deputado estadual do Rio de Janeiro Marcelo Freixo e os defensores públicos Wagner Giron de la Torre e Antônio Roberto Cardoso. Também agraciado, o bispo católico dom Manuel Edmilson da Cruz recusou o prêmio em protesto contra reajuste de 61% para os parlamentares.
A condecoração, concedida pela primeira vez, é conferida a personalidades que se destacaram na defesa dos direitos humanos no Brasil. Os homenageados foram escolhidos por um Conselho, presidido pelo senador Marco Maciel (DEM-PE).
A sessão foi aberta pela Serys Slhessarenko (PT-MT), que exaltou o trabalho de dom Pedro Casaldáliga. O religioso é espanhol, vive no Brasil desde 1968 e notabilizou-se pela luta por distribuição de terras e contra o trabalho escravo. Com problemas de saúde, não pode comparecer a homenagem, que foi entregue pelo senador Eduardo Azeredo, a seu representante Elder Magalhães.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), senador Cristovam Buarque (PDT-DF), entregou o diploma a Antônio Roberto Cardoso. Eduardo Dalber, representante do deputado estadual do Rio de Janeiro Marcelo Freixo, recebeu o diploma das mãos de Marco Maciel e o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) entregou o prêmio a Wagner de La Torre.
Protesto e recusa
Em protesto pela aprovação pelo Congresso Nacional, no último dia 15, de projeto de lei que reajusta os salários dos parlamentares, ministros, vice-presidente e presidente da República, o bispo emérito de Limoeiro do Norte, no Ceará, Dom Manuel Edmilson da Cruz, recusou a Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara. Ele foi um dos cinco contemplados pela homenagem conferida pela primeira vez pelo Senado Federal.
Ao falar durante a sessão para entrega da Comenda, nesta terça-feira (21), Dom Manuel da Cruz lamentou que o Congresso tenha aprovado reajuste para seus próprios salários, da ordem de 61%, com efeito cascata nos vencimentos de outras autoridades, enquanto os trabalhadores do transporte coletivo de Fortaleza mal conseguiram 6% de aumento em recente luta por elevação salarial. Ele mencionou as aposentadorias reduzidas, o salário mínimo que cresce em “ritmo de lesmas”.
Na opinião do religioso, o aumento aprovado pelos parlamentares deveria sempre guardar a mesma proporção que a elevação concedida para o salário mínimo e a aposentadoria.