Pouco mais de um mês para ser reempossado no cargo de governador, Silval Barbosa ainda está longe de definir a equipe do futuro Governo. Até o momento, apenas oito nomes estão confirmados, todos já fazendo parte do atual Governo. O maior problema de Silval para fechar o primeiro escalão está nas negociações que vem mantendo com partidos políticos que o ajudaram na reeleição. “É evidente que todos vão esticar a corda até onde for possível para emplacar o maior número de indicações” – observou uma alta fonte do Palácio Paiaguas.
Estão certos para entrar 2011 como secretários: Eder Moraes, na Casa Civil; Edmilson José dos Santos, na Secretaria de Fazenda; Osmar de Carvalho, na Comunicação Social; Alexander Maia, na Secretaria de Meio Ambiente; Pedro Nadaf, na Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia; Arnaldo Souza Alves, na Secretaria de Planejamento e Gestão; Francisco Vuolo, na Cultura; e Diógenes Curado, na Secretaria de Segurança Pública; além de Roseli Barbosa, na Secretaria de Ação Social.
Dos nomes certos, apenas Alexander Maia na Secretaria de Meio Ambiente tem interferência política – ainda assim de forma consensual. De acordo com a fonte do Governo, o ex-governador Blairo Maggi, senador eleito pelo PR, reforçou o pedido para que o militar seguisse no cargo. Maia foi elevado a condição de secretário depois de vários anos como um ajudante de ordens de Maggi e depois chefe da Casa Militar.
Além dos partidos aliados, o governador ainda discute uma eventual participação dos Democratas na futura administração – particularmente para atender aos que estiveram na resistência a decisão do partido em apoiar a eleição do ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, do PSDB. O DEM foi a sigla que mais registrou casos de “infidelidade”. Inclusive, do deputado estadual Gilmar Fabris.
Silval já anunciou que vai extinguir a Secretaria de Infraestrutura. Ainda mais depois da sucessão de escândalos financeiros, como o caso das compras superfaturadas de máquinas e tratores para atender aos municípios, e do envolvimento de diversos altos servidores em casos de fraudes em licitação para obras públicas. A Sinfra acaba e renasce a Secretaria de Transportes. O nome a ser indicado para esse cargo ainda não está definido, mas sairá da palavra do deputado Wellington Fagundes, do PR. “Caberá a ele dizer quem vai ser o secretário” – informou.
A Sinfra dará mais cria com sua extinção: é a Secretaria das Cidades. O cargo está, até aqui, reservado para Rodrigo Figueiredo, atual secretário-executivo do Ministério das Cidades. Ele assumiria a Secretaria caso seu nome não seja confirmado na gestão da presidente eleita Dilma Rousseff. O governador Blairo Maggi e grande parte da bancada federal de Mato Grosso já se empenhou em tentar assegurar a permanência de Figueiredo no cargo em Brasília.
Com Diógenes Curado confirmado na Secretaria de Segurança Pública, o governador Silval Barbosa discute e negocia um nome para ocupar a Secretaria de Justiça – que já existiu no passado. O nome mais cotado é o do jurista Elarmim Miranda, que já ocupou o cargo no Governo de Carlos Bezerra. Miranda, no entanto, luta para conseguir uma vaga de ministro do Superior Tribunal de Justiça no quinta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Para o Governo, Elarmim conta com o apoio do próprio Bezerra, que deseja emplacar mais pessoas no Governo.
Outro nome sondado para o cargo de secretário de Justiça é o do ex-presidente da OAB, Francisco Faiad, que é conselheiro federal. Faiad foi o coordenador jurídico da campanha de Silval e um dos porta-vozes do governador. O advgado também teve seu nome colocado como possível secretário de Administração. No Governo de Dante de Oliveira, Faiad foi subsecretário da pasta.
Político na essência, Silval trabalha também na politização da Secretaria Estadual de Saúde. Há dois nomes de peso: Pedro Henry, deputado federal que luta na Justiça Eleitoral para conseguir registro e conseqüentemente “descongelar” os votos obtidos em outubro; e Guilher Maluf, do PSDB – o que seria uma surpresa. A indicação de Maluf, no entanto, vem da indicação da Assembléia Legislativa. Com isso, Barbosa praticamente “suprime” qualquer oposição ao seu Governo.
Outra dúvida de Silval esta na Secretaria de Desenvolvimento Rural. O nome mais cotado é o de Neri Geller, do Partido Progressista. Candidato derrotado a deputado federal, Geller surpreendeu com o crescimento de votos e goza de grande prestígio dentro do PP. Silval já anunciou também que deseja criar, ainda no segmento, a Secretaria de Agricultura Familiar. Ele já manifestou nos bastidores desejo de poder contar com a senadora Serys Slhessarenko no cargo, que tem trânsito junto aos movimentos sociais organizados do segmento.
Todavia, Barbosa discute ainda a possibilidade de usar a senadora na Secretaria de Educação. A situação, porém, é crítica, já que a pasta é controlada pelo grupo liderado pelo deputado federal Carlos Abicalil – inimigo politicamente mortal da senadora. Os dois, no entanto, estão sendo sondados para ocupar cargos importantes no Governo de Dilma.
Caso a Seduc passe ao controle do grupo de Serys, o Governo poderá compensar o grupo de Abicalil com a Procuradoria Geral do Estado, que passaria a ser comandada pelo suplente de deputado Alexandre César, que é funcionário de carreira da PGE.