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Nomes de tradição na política de MT estão mais raros

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A eleição deste ano mostra que a "familiocracia" está cada vez mais rara na política de Mato Grosso. Apenas 15 candidatos com sobrenomes conhecidos disputam o pleito. Alguns deles tentam se perpetuar no poder pegando carona na fama dos parentes. Segundo analistas, a persistência desse fenômeno se deve ao fato de que partidos políticos ainda se abrem pouco para a renovação. O número, no entanto, é pequeno se comparado ao universo de candidaturas (426).

Como hoje é comemorado o Dia dos Pais, A Gazeta revela que os casos mais conhecidos são de famílias tradicionais do Estado, como os Campos, Oliveira e Bezerra. Isso, no entanto, não se restringe aos caciques que por anos definiram os rumos das eleições em Mato Grosso. Os casos se espalham por praticamente todas as regiões.

No caso dos Campos, o ex-governador e ex-senador Júlio Campos tenta voltar aos cargos eletivos disputando o mandato de deputado federal. Ele é irmão do senador Jaime, mas já se consolidou no quadro político com força própria e não depende apenas do irmão. Ambos são filiados ao DEM e filhos de Júlio Domingos de Campos, o "seo" Fiote, patriarca que foi prefeito de Várzea Grande em 1951 e 52 e iniciou a família na política.

No caso da família de Dante de Oliveira, o prefeito de Cuiabá e governador que se consolidou como uma as maiores lideranças do PSDB, ele tem como candidato a deputado estadual pelo PDT o sobrinho Luluca Ribeiro, que se lançou no pleito mesmo sem ser considerado o herdeiro político da família. A viúva Thelma de Oliveira, que tenta a reeleição de deputada federal, foi quem herdou a influência entre os tucanos.

O deputado federal Carlos Bezerra, presidente do PMDB em Mato Grosso há quase 20 anos, disputa a reeleição e também lançou a esposa Teté na corrida de deputada estadual pelo mesmo partido. Mas os casos não param por aí.

Cena – A familiocracia se tornou comum em Mato Grosso nas últimas 3 décadas. Apesar de ser tímida atualmente, nos últimos 10 anos tentou voltar à cena política principalmente nas eleições municipais, consideradas o caminho mais curto para ingresso nos cargos eletivos. Para se ter uma ideia, o ex-governador e candidato do PR ao Senado, Blairo Maggi, emplacou o primo João César Borges Maggi (PR) duas vezes (2004 e 2008) como prefeito de Sapezal.

O ex-prefeito de Cuiabá e candidato do PSDB ao governo do Estado, Wilson Santos, teve o irmão Elias Santos (PMDB) eleito em 2008 como vice-prefeito de Chapada dos Guimarães (a 60 km de Cuiabá). O deputado José Domingos Fraga Filho (DEM) foi o principal cabo eleitoral do irmão Neurilan Fraga (PR) na eleição de prefeito de Nortelândia.

Os exemplos não param por aí. O deputado Percival Muniz (PPS) lançou, mas não conseguiu emplacar o irmão Thiago Muniz (PPS) como vereador por Rondonópolis. No mesmo município, o deputado federal Welington Fagundes também foi derrotado depois de pedir voto para o filho João Fagundes (ambos do PR) como candidato a vice-prefeito.

Chico Daltro (PP), suplente de deputado federal e candidato a vice na chapa do governador Silval Barbosa (PMDB), conseguiu eleger o irmão Flávio Daltro (PP) como prefeito de Chapada dos Guimarães em 2008. O deputado federal Pedro Henry não teve a mesma sorte e viu o irmão Ricardo (ambos do PP) ser derrotado na disputa pela Prefeitura de Cáceres. O mesmo ocorreu com o senador Jaime Campos ao pedir voto para a reeleição do irmão Dito Paulo (DEM) em Jangada (a 60 km) e a irmã Márcia Campos (DEM), que disputou uma vaga de vereadora pela Capital. O deputado federal Homero Pereira (PR) também não conseguiu eleger o filho Américo Alves (DEM) como vereador por Alto Araguaia. O deputado Otaviano Pivetta (PDT), candidato a vice-governador na chapa de Mauro Mendes (PSB), conseguiu eleger duas vezes o irmão Adriano Pivetta (PPS) como prefeito de Lucas do Rio Verde.

Avaliação – O professor e cientista político Lourembergue Alves afirma que a familiocracia tem diminuído relativamente no Estado, mas ainda persiste por causa dos partidos políticos que não cumprem o papel de intermediador entre a sociedade e os chefes do Executivo, o que acaba fechando as legendas para a renovação. Ele diz ainda que, se deixaram de emplacar os parentes por causa da indignação da opinião pública, os caciques mudaram de estratégia e continuam trabalhando para eleger afilhados políticos e se manter indiretamente no poder.

"Temos hoje muitos partidos no país, mas todos eles não são atrativos para os jovens, que preferem participar de seus grupos sociais, suas tribos, e deixam a política de lado. Isso é ruim porque permite a perpetuação de grupos no poder e enfraquece o processo democrático", afirma Lourembergue. Ele ainda diz que o mesmo fenômeno persiste em outros estados, até mesmo no Sul e Sudeste do país. "Basta ver quem são os candidatos favoritos em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul".

Dos 426 candidatos que pediram registro ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), grande parte deles se declarou empresários e não ostentam nomes tradicionais. O coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Antônio Cavalcanti Filho, o Ceará, vê isso como um avanço.

"É ruim a eleição de filhos e também afilhados políticos porque isso enfraquece o debate e o processo democrático. Muitas dessas pessoas querem transformar a representação pública em uma oligarquia e, assim, se beneficiar e atender seus interesses particulares", afirma Ceará.

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